O homem como um coletivo
Por Wagner Ribeiro
A parte mais bonita de começar um novo ano é o começar de novo. É o renovar-se, buscar novos métodos, realizar desafios, cumprir promessas e tantas inúmeras coisas que desejamos com a vinda dele.
Todos têm trabalho a fazer. Há tarefas a serem cumpridas. Esse ideal de recomeçar, em geral, se dissolve nos afazeres exaustivos ao longo do ano, especialmente quando a fadiga e o cansaço nos usurpam. A renovação fica, então, para o ano seguinte, uma vez que, sem dúvida, ele chegará.
Somam-se mais de sete bilhões de seres humanos no mundo. A espécie humana é, de longe, a mais inteligente dentre todos os outros tipos de vida no planeta Terra. Há muito tempo, entretanto, ocorreu a centralização do modo de viver em torno do capital. Com toda essa facilidade de compra e o crescente individualismo provindo dela, se preocupar com o outro se tornou algo ermo. Hoje, a renovação anual foca-se no “irei juntar dinheiro para comprar um carro”, ou “começarei uma nova dieta” e tantos outros objetivos que, se listados, perderíamos nossas vidas tentando escrevê-los completamente, visto que a cada ano surgem novos.
A realidade de viver passa a existir numa esfera singela formada apenas pelo indivíduo, se esgueirando, às vezes, a um grupo de amigos e à família. As pessoas íntimas de nós e em nossa morada (a Terra) foram simplesmente esquecidas. Desse modo, nos defrontamos em uma contradição no que tange a nossa existência nela. Vale mencionar que há 10 mil anos, os ancestrais da humanidade sobreviviam da caça e da coleta oferecida pelos caminhos que percorriam, visto que eram nômades. Tudo era dividido. Não existia o individual. Apenas o coletivo. Viver uma vida itinerante significava dispor de poucas posses, visto a grande locomoção em busca de alimento. E a ideia do compartilhamento vinha da caça coletada pelos grupos de locomoção formados, compartilhando a comida e, em caso de outras situações, compartilhavam para diminuir o peso (1).
De fato, o individualismo e o monetário se fazem necessários. São avanços políticos que moldaram a sociedade e continuam a moldá-la. Ela está, como se pode perceber, em constante metamorfose. Porém, se não mudarmos alguns dos hábitos sociais, estaremos propícios a nos direcionarmos à extinção do bem estar e contato social, que é um direito de todos.
O contato e a sensibilidade humana para a formação social
Existem inúmeras maneiras de restabelecer este contato. A primeira delas é, sem dúvida, a comunicação via transição de conhecimento, através da troca de estudos. Sendo um país miscigenado, a bagagem cultural do Brasil, comparada à sua pouca idade em relação a outros países, é grandiosa. Infelizmente, a baixa escolaridade da população em geral acaba por prejudicar os avanços culturais. Desse modo, “estudo” significa, acima de tudo, passar o que se conhece a outro. Preservar o que se tem.
Nos dias atuais, preservar os patrimônios locais e nacionais é de extrema importância. Tal atitude significa preservar a bondade que está intrínseca no brasileiro, a sua receptividade e seus diversos aspectos elogiados por estrangeiros. E é somente pela aquisição de conhecimento como objeto de estudo permeando todas as camadas sociais que conseguiremos tal proeza.
A formação social exige também sensibilidade e uma das ferramentas de aprimorá-la são os exercícios de trabalhos voluntários. Trabalhos sociais acabam por ser uma excelente alternativa para quem quer sentir o lado bom e buscar novas energias ajudando pessoas necessitadas. Na cidade de Lorena, existem inúmeros projetos e fundações que se dirigem a formar e a mostrar um mundo melhor a essas pessoas. O que se ganha em troca é ainda mais gratificante: aprende-se que, embora tudo pareça extremamente difícil, as nossas dificuldades, quando equiparadas a deles, são apenas problemas rotineiros. O exercício do voluntariado é a chave para enxergar com outros olhos os lindos lados da humanidade. A fraternidade, a união, a alegria e a simplicidade são alguns dos exemplos que se podem observar nos olhos dessas pessoas que pedem tão pouco, quando deveriam receber muito. Independente das crenças e filosofias que cada um possui ajudar o próximo sempre será uma injeção de ânimo quando a vida passa a ser enegrecida.
Porém, caso acreditar que ainda não está preparado para tal atividade, visto que cada ser humano possui suas limitações, você pode exercer a solidariedade e o voluntariado por onde mora.
Na verdade, todos deveriam ter esta consciência sensível.
Leia para crianças com um tempo do seu dia e em uma creche municipal. Recolha alimentos na sua vizinhança e entregue em instituições de caridade ou na prefeitura de sua cidade. Ensine aos seus próximos bons modos com o planeta. Plante árvores. Não jogue lixo no chão. Não gaste água no banho ou ao escovar os dentes. Tenha uma garrafinha de água na mochila para evitar o descarte de plástico e impulsionar a reutilização. Leve seus lixos no bolso ou em uma pequena sacola para descartá-los em locais adequados. Ande mais. E, se possível, dê mais carona – temos eminentemente aflorar mais este hábito gentil. Ande mais de ônibus. Seja mais educado. Agradeça mais. E, acima de tudo, sorria, pois nada é para sempre e talvez sejamos a porta para tornar o dia de alguém melhor. De quaisquer modos, procure respeitar e amar mais o lugar e as pessoas que estão à sua volta.
Em suma, mediante a estas dicas que fomentam a nossa sensibilidade e a nossa formação social, não significa, obviamente, que você deva viver em função disto, tampouco que és obrigado (a) a exercê-las, pois, estas são apenas ferramentas de demonstrar que existem novas maneiras de enxergar positivamente o mundo a nossa volta e perceber que, na verdade, tudo é uma questão de ponto de vista. Como Einstein citou, em um dos seus poemas: “Há duas formas para viver sua vida: uma é acreditar que não existe milagre, a outra é acreditar que todas as coisas são um milagre”.
Seja o milagre de alguém! Feliz 2015!
(1) Baseado em “O que aconteceu na Terra? A História do Planeta, da Vida & das Civilações, do Big Bang até Hoje”, de Christopher Lloyd. Páginas 103-106.
Sobre o autor:
Wagner Ribeiro nasceu em Lorena – SP, no dia 18 de fevereiro de 1998, e hoje mora em Piquete – SP. Tem 16 anos e está cursando o 2º ano do Ensino Médio e do Ensino de Técnico em Química pelo Colégio Técnico de Lorena, que pertence à USP e está inserido na Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP. Gosta da área de Química, na qual pretende seguir carreira, mas também nutre paixão por Filosofia, Sociologia, além de Literatura, Astronomia e encanta-se por Metafísica. Escreve desde os 8 anos de idade, adora projetos sociais, MPB e Renascimento.
Esse texto é de exclusiva responsabilidade do autor. A AJLL não se responsabiliza pelas possíveis opiniões aqui apresentadas. Respeitamos a criação literária de cada autor, difundindo linguagem literária de linguagem gramatical, em textos que julga ser necessário.