
São quatro as estações,
mas vivemos nas agruras do inverno
dia a dia, que parece eterno.
O povo está só, foi iludido e traído.
E o inimigo se esconde atrás
da cortina do quarto de Jacó.
Uma inegável sensação de vazio no estômago,
que na verdade dói na alma,
a fome que deveras, sente.
Povo inocente, povo enganado,
sonhos quebrados, expectativas frustradas,
promessas não cumpridas, asas partidas.
Sentimento agridoce,
é o gosto da desesperança
de um povo ingênuo e passivo,
pela cultura reprimida de suas raízes.
Ah, se houvesse nos planaltos ou mesmo nas planícies,
parlamentares destes brasis, realmente homens
de caráter ilibado, a ressonância do grito,
ecoaria desde o canyon (fenda rochosa sulista),
passando pelas pradarias gaúchas, e seria ouvido,
com clareza na caatinga nordestina, ricocheteando
nas montanhas de ferro das gerais, indo se embrenhar,
no emaranhado intenso da floresta tropical.
E mesmo um ateu, que ainda procura Deus
dentro do homem, anseia que o rebanho
troque de lugar com a ovelha desgarrada,
para que não sirva novamente para a tosquia.







