• SANTA CASA SECUNDARIO

FOTOS
VÍDEOS

Dia Nacional do Braille é comemorado em 8 de abril

02/04/2015

A tecnologia que sufocou a informação por via analógica é a mesma que tem provocado uma revolução na vida das pessoas cegas ou com baixa visão, que até então tinham essa condição sensorial ligada apenas à imagem da leitura e escrita em Braille.
 
Embora não pertença à realidade da maioria das pessoas, grande parte da sociedade tem convivido com pontos em relevo marcados em rótulos, botões de elevadores, placas de sinalização, portas de banco, caixas de medicamentos ou cosméticos. Essas iniciativas isoladas contribuíram significativamente para a visibilidade da pessoa cega como consumidora de produtos e serviços, assim como para acessibilidade comunicacional delas.
 
O Braille passa, então, a representar um símbolo de cidadania, muito mais do que estereótipo da cegueira, embora seja inevitável associar as duas coisas como elemento afirmativo de inclusão educacional, cultural, laboral e social dessa parcela significativa da população, que representa 3,5% da população no país, segundo o censo de 2010 do IBGE.
 
Em 8 de abril é comemorado, desde 2010, o Dia Nacional do Braille. A data foi escolhida para homenagear o primeiro professor cego do Brasil, José Álvares de Azevedo, que nasceu nesta data e foi consagrado como patrono da educação dos cegos no país ao trazer da França o conhecimento do Braille, por volta de 1854.
 
O Dia Nacional do Braille tem como objetivo ser um momento de reflexão e discussão sobre a importância de ações voltadas ao uso, difusão e ensino do método Braille, como meio necessário e indispensável para a inclusão da pessoa com deficiência visual. É um momento para que a educação, reabilitação e profissionalização das pessoas cegas ou com baixa visão sejam avaliadas e novos rumos sejam apontados, a fim de que a sociedade crie seus mecanismos para favorecer o processo de inclusão no país. 
 
No cenário atual, sabemos que muito já conquistamos. Os meios de comunicação e as diferentes mídias têm contribuído fortemente para a difusão do Braille e, principalmente, para que se quebrem os mitos acerca da complexidade que envolve o aprendizado desses pontos em relevo.
Sabemos que o Braille é indispensável a uma boa alfabetização e, sabemos também, que independentemente da condição visual, sejam cegos, sejam pessoas que enxergam, é possível aprendê-lo e utilizá-lo de forma plena, aplicando esse conhecimento em diferentes situações.
 
É indispensável, também, ressaltar que o Braille convive bem com as novas tecnologias, sendo incoerente desmerecê-lo diante das inovações trazidas pela informática e pelos leitores de tela. Não há um substituto ao Braille, assim como não existe recurso que substitua as letras manuscritas em tinta. Por isso insisto na sua democratização enquanto elemento que promove a inclusão, seja educacional, seja afetiva, por aproximar as pessoas que percebem que através daquela forma de ler e escrever, surge uma nova e rica oportunidade de conhecimento. 
 
Sistema Braille –  É um sistema de leitura para cegos por meio do tato, criado pelo francês Louis Braille, que perdeu a visão aos 3 anos de idade. Ele nasceu em 4 de janeiro de 1809 e, por isso, nessa data se comemora o Dia Mundial do Braille.
Braille apresentou a primeira versão do seu sistema de escrita e leitura com pontos em relevo em 1825; porém, só se expandiu pelo mundo anos mais tarde. Sua escrita é baseada na combinação de 6 pontos em relevo, dispostos em duas colunas de 3 pontos. Os símbolos formados representam as letras do alfabeto, números, simbologia aritmética, fonética, musicográfica e informática.
 
Rendo minha homenagem aos usuários deste código, aos profissionais que fazem dele o instrumento de multiplicação de saberes e aos que reconhecem que, por meio de cada ponto, podemos construir muitas histórias de inclusão.
 
‘O Braille é vida no sentido mais amplo, quando possibilita que o mundo renasça na ponta dos dedos, no milagre da multiplicação do conhecimento’. (Luciane Molina)

COLUNISTAS / Luciane Molina

Luciane Molina é pedagoga, braillista e pessoa com deficiência visual. Possui pós-graduação em Atendimento Educacional Especializado pela Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) e em Tecnologia, Formação de Professores e Sociedade pela Unifei (Universidade Federal de Itajubá).  Sua trajetória profissional inclui trabalhos com educação inclusiva, ensino do sistema Braille, da tecnologia assistiva, do soroban  e demais recursos para pessoas cegas ou com baixa visão, além de atuar desde 2006 com formação de professores.  Foi vencedora do IV Prêmio Sentidos, em 2011, e do IV Ações Inclusivas, em 2014, ambos pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (SEDPCD-SP). Também é palestrante e co-autora do livro Educação Digital: a tecnologia a favor da inclusão. Atualmente, integra a equipe técnica da Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso de Caraguatatuba (SEPEDI), com ações voltadas para a comunicação inclusiva, políticas públicas para pessoas com deficiência visual e Núcleo de Apoio às Deficiências Sensoriais.


braillu@uol.com.br

MAIS LIDAS