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COLUNISTAS / Perai, vem cá

No caminho inverso

27/04/2015

Por Vânia Alves
Os parentes estavam certos, o tempo voa sim depois dos 18!
Só que meus ‘18’- como sinônimo de liberdade e independência – vieram apenas com o fim da faculdade, este longo ciclo encerrado há pouco mais de um ano. Ah, este ano sim, voou!
E já que a entrega do artigo coincidiu com esse momento de retrospectiva, optei por adiar os textos impessoais – os quais terão, com certeza, o seu momento – e fazer deste espaço uma necessária fonte de fôlego e de planejamento interior, a mim e ao leitor. 
A proposta como mulher e profissional não é a nota, a aprovação, a bolsa-auxílio, a vaga de estágio, o destaque empresarial. 
Trata-se agora de dar espaço ao chamado interior que, confusamente, se vê despertado por várias fontes difusas, aparentemente não convergentes. E iniciar um projeto pessoal traz frio na barriga e hesitação. 
Principalmente porque, por anos, dedicamos tempo, esforço, conhecimento e esperanças em projetos que, em verdade, nunca nos pertenceram. 
Exercemos funções, cumprimos atividades, alcançamos metas, elaboramos e seguimos cronogramas. Mas o processo de escuta, de descoberta de anseios próprios a serem traduzidos em projetos, de resgate de intenções lá do campo das ideias, tornando-as palpáveis, é aprendizado inexistente no ambiente escolar e no mercado de trabalho convencional – e ainda não vejo mudanças consistentes nas novas gerações de estudantes que conheço. 
Somos hoje tão operários quanto o bom e velho Carlitos de ‘Tempos Modernos’!
Posso dizer que esse projeto pessoal tem exigido planejamento, coragem e trabalho. Etapas triviais, com as quais já que estamos acostumados, não é mesmo?
Talvez não. Hoje as vejo intrinsecamente ligadas, inter-relacionadas. 
O planejamento aqui não é mais o da engenheira ainda em formação, com inúmeras ferramentas matemáticas e computacionais, diagramas, mapas conceituais, matrizes SWOT. 
É sim um breve preparo para a experimentação de hoje, que trará seu feedback para repensar a experimentação de amanhã. Sem excessos de cautela. Sem se sobrepor ao trabalho. 
E trabalho, não mais o das 7h às 17h, de segunda à sexta, com descanso remunerado e estável. O sucesso como plenitude do projeto pessoal, a mente e o coração se conectando em definitivo fazem o estudo, o trabalho e o lazer tornarem-se unidade, como já defendia o sociólogo italiano Domenico de Masi.
No mais, receitas nunca existirão. 
Deixo a todos a semente deste mesmo anseio de se descobrir único, em um mundo tão confiante na homogeneidade.
Sobre a autora:
Vânia Alves é graduada em Engenharia Industrial Química pela EEL-USP e integra a Academia Jovem de Letras de Lorena. Tem interesse pela escrita jornalística e de resenhas, além de se arriscar na poesia e prosa como deleite.
Contato: vaniaoalves@gmail.com
Esse texto é de exclusiva responsabilidade do autor. A AJLL não se responsabiliza pelas possíveis opiniões aqui apresentadas. Respeitamos a criação literária de cada autor, difundindo linguagem literária de linguagem gramatical, em textos que julga ser necessário

COLUNISTAS / Academia Jovem de Letras

Espaço reservado às produções dos acadêmicos da Academia Jovem de Letras de Lorena.  Membros da AJLL: Beatriz Neves, Camila Loricchio, Danilo Passos, Gabriela Costa, Gustavo Alves, Gustavo Diaz, Heron Santiago, Isnaldi Souza, Jéssica Carvalho, João Palhuca, Julia Pinheiro, Lelienne Ferreira, Lucca Ferri, Samira Tito, Thiago Oliveira, Vânia Alves e Wagner Ribeiro.


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