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COLUNISTAS / Perai, vem cá

O que Capão Pecado fez comigo

02/06/2015

Por Beatriz Neves

Após ler o livro de Ferréz, Capão Pecado, que conta a história de Rael, um menino que sonha ser escritor e vive em Capão Redondo.  Vê-se de tudo nesta periferia, desde jovens consumindo drogas a um enforcado, que se torna atração da vizinhança. Sem falar das mortes. As pessoas matam por drogas, por honra, por vingança, por machismo, por um nada. O choque de realidade era tanto que foi impossível não transformá-lo num texto. E, aqui está ele: 

Depois daquela montoeira de realidade despejada em mim, eu não conseguia dormir. Não era justo. Ainda não é. Como pode se achar normal tanta gente sofrer e não se fazer nada? Como se pode achar normal criminalidade ser cultura? Como se pode achar normal que as crianças cresçam sabendo que em sua vida só terão dois futuros: a cadeia e o caixão?

Contesto, contesto e contesto. Mas minhas contestações não alimentam ninguém. Não impedem ninguém de passar frio e fome por dias, ou de viver sem a menor infraestrutura que um ser humano precisa. Onde está a vida digna destas pessoas? Onde está aquela constituição que lhes garante tantos direitos que ainda não saíram do papel? 

Fui privilegiada. Nasci em berço de ouro. Nunca passei frio ou fome. Não sei como é isso, mas gostaria que ninguém soubesse. Não sou Deus, mas se fosse, daria uma bela dura nos meus filhos por deixarem o maldito do comodismo fazer seus irmãos sofrerem. Olhe para o lado, já fez seu papel de irmão hoje? Ou melhor, você já olhou para o lado hoje? Perceba, há direções diferentes para olhar e elas parecem muito mais atraentes que seu umbigo. 


Sobre a autora:

Beatriz Ignácio Neves nasceu em Belém-PA, mas mora há mais de cinco anos em Guaratinguetá. Tem dezesseis anos, cursa o terceiro ano do Ensino Médio e o terceiro ano do Técnico em Química no Cotel (Colégio Técnico de Lorena). Ao mesmo tempo em que pretende seguir a carreira química, pretende ser psicóloga e tudo mais que um dia imaginou ser. Começou a escrever aos onze anos e, desde então, nunca mais parou. Amante de livros desde a infância e sonha em, um dia, tocar as pessoas como seus autores favoritos a tocaram. 

COLUNISTAS / Academia Jovem de Letras

Espaço reservado às produções dos acadêmicos da Academia Jovem de Letras de Lorena.  Membros da AJLL: Beatriz Neves, Camila Loricchio, Danilo Passos, Gabriela Costa, Gustavo Alves, Gustavo Diaz, Heron Santiago, Isnaldi Souza, Jéssica Carvalho, João Palhuca, Julia Pinheiro, Lelienne Ferreira, Lucca Ferri, Samira Tito, Thiago Oliveira, Vânia Alves e Wagner Ribeiro.


samira_007_@hotmail.com

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