Por Lucca Ferri
Desde pequenininho minha mãe me repete isso – não tive como não aprender.
É de se refletir, entretanto, a abrangência significativa e envolvente que a expressão revela.
Em primeira leitura, ela pode se referir às moças com as quais, eventualmente, nos relacionamos.
Não é bonito dizer delas, sobre elas ou, pior, maldizê-las.
É claro que isso também vale para as moças – não é bonito que elas falem dos rapazes.
A ausência de beleza que acompanha o bode (ou cabra) falador traduz um interior comprometido.
O dizer, fofocar, comentar, criticar, configura-se em fraqueza emocional, insegurança e desonra.
O bom bode, entretanto, igualmente não berra – e realmente não deve berrar, em outras circunstâncias.
Quem é sábio, aquele que é honesto, o outro que é ético, o amigo que é fiel, a amiga que é leal, o cão que é companheiro, nenhum deles, em qualquer hipótese, proclama, preconiza ou vocifera seus atributos.
A mesma desonra, feiura, que se associa aos linguarudos corriqueiros conjuga-se hermeticamente com os demais.
Falsos profetas – as qualidades do caráter são indizíveis.
Supor, conjecturar, enquadrar ou afirmar, seja de si, ou seja, de outrem, revela o espectro complexado, mal resolvido e invejoso da consciência.
Freud, salvo melhor juízo, já nos alertara: “O homem é dono do que cala e escravo do que fala. Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo.”.
Àqueles de coração e alma: plenitude e sanidade.
Aos outros: buchada.
Sobre o autor:
Lucca Ferri N. A. Latrofe é advogado, autor do blog ( javascript:nicTemp(); ) e membro fundador da Academia Jovem de Letras de Lorena. Sua trajetória literária iniciou-se aos 11 anos, ocasião em que fora premiado pelo colégio Fênix pela redação denominada “Guapo Guanunbi’. A partir de então, envolveu-se em diversos projetos sociais e culturais. Com 17 anos publicou, em conjunto com dois amigos, um pequeno livro de poesias: “Heterogenia, confusa perfeição”. Fora convidado para compor banca avaliadora de concurso de poesias (promoção pela ONG Sítio do Juca de Guaratinguetá). Na sequência, integrou a antologia poética do Vale do Paraíba (convite do poeta Tonho França).
Esse texto é de exclusiva responsabilidade do autor. A AJLL não se responsabiliza pelas possíveis opiniões aqui apresentadas. Respeitamos a criação literária de cada autor, difundindo linguagem literária de linguagem gramatical, em textos que julga ser necessário







