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COLUNISTAS / Perai, vem cá

Vidro Aberto

24/08/2015

Por Heron de Freitas Santiago
Acredito nas coisas simples da vida como ferramentas evolutivas. 
Creio em ouvir música alta no carro com os vidros abertos. 
Creio em gritar tal música a toda garganta sem vergonha de errar a letra. 
Creio em mudar para a próxima subitamente (santo botão esse que passa tudo para frente). 
Creio em se balançar e se contrair epileticamente com honestidade aos espasmos internos, moribundos ou não, causados pela música. 
Creio principalmente nos sorrisos neuróticos, sensualmente vidrados, durante as ultrapassagens que, às vezes, perduram pelas longas e lentas jornadas atrás dos caminhões. 
E, finalmente, creio na surdez que baixar o som cria quando se sai da estrada e o superego manda não violentar ninguém (pelo menos não com suas preferências musicais).
Muito gostoso fazer tudo isso, libertário.
Faz até pensarmos o que aconteceria se virássemos o volante com tudo de repente.
Difícil mesmo é ter um segundo alguém mexendo no rádio ao seu lado. 
Um terceiro ou quarto opinando…
E se for uma Kombi? Imagina?!
Perceber a delícia de pulsar na solidão e a delícia de ter um passageiro que pulsa do seu próprio jeito é o que gera qualquer ordem e qualquer desordem. 
Agora a parte boa, e que os queixos caiam!
Energia se mistura em qualquer proporção e enxergar um padrão depende somente da distância que se olha ou que se ouve.
O todo, se visto longe o suficiente, é apenas um ponto. Assim, sintonizar-se depende apenas das lonjuras que nossa boa vontade evolutiva nos permite observar.
Pois é, creio somos todos ruidosos rádios buscando a sintonia feliz, enquanto não chega o dia em que seremos um só volume e um só botão.
Um volumoso silêncio a toda garganta, reverberando sem cordas, sem sopros e sem percussão. 
Sobre o autor:
Heron de Freitas Santiago, lorenense, tem 26 anos e é membro fundador da AJLL. Com uma criação diversa e repleta de boa vontade, cresceu sendo estimulado à pluralidade e à integração de conceitos. Tendo as artes plásticas como expressão artística primária, procura compor seus textos de forma libertária, sem amarras de qualquer espécie, para traduzir com propriedade o que transborda de si.
Esse texto é de exclusiva responsabilidade do autor. A AJLL não se responsabiliza pelas possíveis opiniões aqui apresentadas. Respeitamos a criação literária de cada autor, difundindo linguagem literária de linguagem gramatical, em textos que julga ser necessário

COLUNISTAS / Academia Jovem de Letras

Espaço reservado às produções dos acadêmicos da Academia Jovem de Letras de Lorena.  Membros da AJLL: Beatriz Neves, Camila Loricchio, Danilo Passos, Gabriela Costa, Gustavo Alves, Gustavo Diaz, Heron Santiago, Isnaldi Souza, Jéssica Carvalho, João Palhuca, Julia Pinheiro, Lelienne Ferreira, Lucca Ferri, Samira Tito, Thiago Oliveira, Vânia Alves e Wagner Ribeiro.


samira_007_@hotmail.com

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