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O berço verde e amarelo da pátria brasileira

10/09/2015
Em comemoração à Semana da Pátria, envio o artigo a seguir para reflexão sobre o país verde-amarelo em que vivemos e sua significação.
Em uma escola paulista, numa classe de primeiro ano, foi constatado que dos vinte e cinco alunos, nove deles apresentavam nomes estrangeiros, tais como Robert, Keteni, Tarik, Hellen, Deivid, Whaytney, Yago, Alifi, Patrick.
É muito provável que esse fato seja uma influência da chamada ‘globalização’, que está levando as pessoas a perderem contato com suas próprias raízes e valores da cidade onde nasceram e do país onde vivem. Perdendo a identificação, as pessoas estão sentindo-se ‘cidadãs do mundo’, do planeta Terra, e por isso, dentre outras reações, estão utilizando nomes estrangeiros em seus filhos. Esta conscientização, cada um sentindo-se parte de uma única espécie humana, os ‘terráqueos’, foi chamada por Cícero de ‘Conscientia hominum’, aquele sentimento de fraternidade entre todos os seres humanos do planeta. Não se nega que este sentimento é importante para buscar a paz entre todos os povos que vivem no planeta, independente de qual região ou país cada pessoa tenha nascido. 
Apesar da globalização estar levando cada um a sentir-se ‘cidadão do mundo’, cada pessoa tem identificação com algum lugar do planeta, com alguma cidade onde nasceu, Estado e País. O ‘chão do mundo individual’ é o seu país, é a sua Pátria e ela tem um corpo, um território, e uma alma, o seu povo, a sua língua, os seus costumes, a sua cultura, a sua bandeira nacional, etc. Já dizia Rui Barbosa:  ‘A Pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo. A Pátria não é ninguém, são todos’ (é cada um, você eu e os outros) ‘é o céu, o solo, o povo, as tradições culturais, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. Os que a servem são os que não invejam, os que não infamam, os que não conspiram, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se acobardam, mas resistem, mas se esforçam, mas pacificam, mas discutem, mas praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo.’ 
A identificação com o seu ‘chão natal’, a sua Pátria, faz surgir na pessoa o sentimento de amor ao seu país. O exemplo mais marcante desse amor foi mostrado por Tiradentes (José da Silva Xavier) ao proferir a sua frase histórica, quando dele quiseram saber se não se entristecia de perder a vida, enforcado naquele dia 21 de abril de 1792, pela pátria nascente. Ele disse: ‘Dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria!’ 
Essa identificação e amor pelo país onde cada um nasceu, o patriotismo, não significa que seja um sentimento piegas ou um vão idealismo, mas sim um sentimento autêntico e positivo de cada pessoa, independente se gosta ou não do governo que estiver no poder, naquele momento. E esse sentimento positivo de cada cidadão é que permitirá a continuidade da nação, garantida pela sucessão de gerações com sentimentos positivos ao seu país e pela transmissão de um patrimônio comum de valores culturais, de idéias, linguagem, aspirações, símbolos, etc, herdados dos antepassados e que acrescidos pelas novas gerações, são transmitidos aos filhos e aos filhos destes. Daí, a importância de cada pessoa ter identificação com os fatores que identificam o ‘seu chão no mundo’, a sua Pátria, as suas raízes.
Ao se perceber a influência da globalização e a gradativa perda da identificação das pessoas com suas raízes, chega-se a uma indagação: o que o futuro reservará ao Brasil, este berço verde-amarelo que cada brasileiro tem? Será que nesse futuro incerto os chamados ‘brasileiros’ ainda terão algum sentimento de identificação pela terra onde nasceram e vivem suas vidas? Ou o mundo terá mudado tanto que não haverá mais fronteiras e todos estarão tão influenciados pela globalização que não mais sentirão que fazem parte de um país chamado Brasil? Este sentimento ao seu país parece que está sendo diluído cada vez mais nos que aqui habitam, já que até nas escolas está se perdendo o hábito de cultuar os símbolos nacionais, como a bandeira verde-amarela e o Hino Nacional. A própria língua portuguesa está sendo invadida, mais pela influência do inglês, chegando-se à situação de ‘ser chique’ colocar nome estrangeiro em filho (este é um costume existente nas famílias que têm ascendência estrangeira), nome em inglês nas lojas e nos produtos, conversar com outros citando termos em inglês, tais como general meeting, software, home page, download, feedback e outros tantos termos. Já se chegou à situação absurda de certas empresas nacionais exigirem que seus chefes façam os relatórios em inglês e não em português!!! Com essa apresentação de fatos que indicam a perda da identidade com o seu país, não se pretende incentivar o leitor a ter sentimento de ‘Xenofobia’, com aversão a tudo o que for estrangeiro, mas sim despertá-lo para essa realidade. 
Com essa perda de identidade ao seu país, será que daqui a alguns anos ou gerações, haverá ainda um país chamado Brasil? Ou terão ocorrido aqui lutas pela autodeterminação e a libertação política e econômica, com povos que tenham vínculos em comum como certas características regionais diferentes? Aqui no Brasil percebe-se esta diferença na região com os três Estados do sul, região bem diferente do resto do Brasil, em vários aspectos, a tal  ponto que nas estradas do sul é encontrada, em carros, a frase: ‘O sul é o meu país’. 
Está se tornando generalizado o sentimento de desilusão das pessoas com seus governantes, nas várias esferas e com os sistemas político, social, tributário e econômico existentes. O que ocorrerá no futuro, se este sentimento  predominar em boa parte da população e nada for feito para mudar? Será que ocorrerá aqui o que aconteceu no leste europeu, na década passada, com a dissolução da Tchecoslováquia, onde se separaram e formaram outros países, regiões com características regionais diferentes, com diferentes formação étnica, histórica, lingüística, religiosa e econômica? Só o futuro dirá!
Enquanto o futuro não chega, na atualidade constata-se que aquele sentimento de pertencer a um país está se perdendo nas pessoas que vivem no Brasil, mas costuma vir à tona da consciência individual e coletiva quando é época de Copa do Mundo, ou quando um brasileiro vai morar no exterior, e depois de algum tempo ele começa a sentir ‘saudade de sua terra natal’. Saudade de algumas coisas que lembram seu berço verde-amarelo, como por exemplo, o cheiro do feijão sendo temperado, o cheiro das comidas, e vários outros aspectos. E é nesse momento de saudade (e nos de Copa do Mundo) que a pessoa tem a consciência de que pertence a um país. Que bom, pelo menos nesses momentos ela lembra que tem um berço verde e amarelo…
Que tal você, eu, cada um de nós, fazer alguma coisa para mudar o ‘berço verde e amarelo’ para melhor? Fazer alguma coisa mesmo que internamente cada um esteja com um sentimento cívico de vazio, de indignação e repugnância em relação à muita coisa que tem ocorrido em nosso país, como os escândalos, as corrupções e outras mazelas e crimes feitos por maus brasileiros! Não deixe essas coisas negativas que toma conhecimento pela TV ou ao ler jornais e revistas, influenciar você! Tente valorizar o que há de positivo, aquelas coisas que trazem satisfação de se viver na sua cidade e de pertencer a um país.  Afinal, sua cidade, sua região e seu país têm coisas positivas com as quais possa se orgulhar! Em você e em cada um existe a esperança de se ter uma vida com melhor qualidade, almeja-se que a cidade onde se vive seja melhor, que se possa voltar a confiar nas pessoas e que elas não sejam indisciplinadas, desonestas, corruptas ou violentas, que essas pessoas possam vir a ser mais civilizadas, com princípios éticos e morais, e que no conjunto, a sociedade brasileira, a parte viva da nação, possa vir a ser melhor! 
Mas não se pode viver somente de sonhos, é preciso fazer alguma coisa para que eles se tornem realidade! Por isso é importante cada pessoa começar a exercer a sua cidadania, participando de modo atuante da cidade e do país onde vive. Um bom momento é aquele onde exerce o seu direito de cidadão, decidindo votar de modo mais consciente e responsável, escolhendo bem os candidatos aos vários cargos, não se deixando enganar por aqueles que já mostraram que são maus políticos e maus brasileiros. Fazendo uma escolha criteriosa, você estará escolhendo os candidatos que realmente irão lutar para o bem coletivo, do Estado e da nação, representando bem o povo e executando ou legislando para o bem coletivo, diminuindo as gritantes desigualdades existentes.
Os sonhos poderão se tornar realidade se cada um começar a agir, cada um fazendo bem a sua parte, dentro do seu âmbito de ação, seja no bairro onde vive, na escola, na igreja, nas associações de bairro, nos grupos de voluntários, participando consciente e ativamente das atividades culturais, solidárias, comunitárias e políticas. 
Vamos lá! Não fique só reclamando da realidade, sacuda a poeira da acomodação e comece a ser um ‘agente de mudanças’, para melhorar o seu meio. Faça a sua parte! Assim, ocorrendo melhoria nas pessoas e no conjunto da sociedade, poderá haver condições de cada um ser um cidadão mais consciente e voltar a sentir orgulho de ser chamado ‘brasileiro’, mesmo que tenha recebido dos seus pais, um nome estrangeiro…
E para encerrar, o poema de Olavo Bilac (Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, 1865-1918), intitulado A PÁTRIA, que reflete bem algumas das idéias aqui apresentadas:
‘Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! Não verás nenhum país como este!
Olha que céu! Que mar! Que rios! Que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! Vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera,
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! Jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha…
Quem com seu amor a fecunda e umedece
Vê pago o seu esforço, e é feliz e enriquece!
Criança! Não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!
 
  
Antonio de Andrade, escritor, jornalista, 
com  formação em Psicologia e Filosofia/História 
 
* Relacionado a este assunto, leia, do mesmo autor, no site www.editora-opcao.com.br, os artigos ‘A cidade que você escolheu para viver’, ‘A autoimagem do povo brasileiro’ e ‘1932 – Yes o Brasil tem heróis!’. Nos livros do escritor Antonio de Andrade, ‘Os Segredos de Fellicia’, ‘Criança Feliz, Adulto Feliz’ e ‘Disciplina e a Educação para a Cidadania’, o autor desenvolve idéias para uma sociedade melhor, com pessoas mais equilibradas e com um agir de cidadania consciente e responsável.
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