Toda caminhada, independentemente da sua extensão ou dos seus propósitos, começa sempre pelo primeiro passo. O nosso foi dado no dia vinte e quatro de setembro de dois mil e catorze, quando um grupo de quinze pessoas das mais diversas áreas artísticas reuniu-se com propósitos muito claros:
Conceitualmente, para desmistificar o pressuposto de que Academia é para um pequeno e seleto grupo e para quebrar alguns paradigmas, como aquele que diz que Lorena é um celeiro de artistas. Repudiamos essa ideia, pois celeiro é um lugar de armazenar, de guardar. Queremos que Lorena seja um campo aberto, fértil de crescimento para todos os artistas.
Artisticamente, nossa missão é valorizar todas as artes e reconhecer a capacidade de expressão de todas as pessoas. Buscamos resgatar a história de nossa cidade, recuperando sua memória artística e seus valores culturais.
Matematicamente, viemos para somar nossas experiências, multiplicar as oportunidades, reduzir as diferenças e dividir com todas as pessoas nossos talentos e alegrias.
Imbuídos desse senso crítico, desse espírito acolhedor, desse olhar social, tomados pela sensibilidade que só a arte é capaz de proporcionar, esses quinze artistas: poetas, escritores, músicos, artistas plásticos, declamadores, contadores de histórias, professores, deu luz à Allarte! Nascia assim a Academia Lorenense de Letras e Artes.
Como patrono, não poderíamos escolher outro nome, senão o grande taubateano Monteiro Lobato. Um escritor autêntico, que valorizou nossa cultura, um homem empreendedor, um artista de vanguarda que dedicou grande parte de seu talento para escrever com genialidade para as crianças. Polêmico, pois fazia questão de expressar suas opiniões principalmente quando o assunto era nossa política, nosso petróleo e nossas artes.
A Allarte está apenas começando. Completamos somente nosso primeiro ano, mas já mostramos a todos para o que viemos e, principalmente, que viemos para ficar. Nestes doze meses, não ficamos restritos às nossas sessões solenes realizadas na Casa da Cultura, que com a devida licença da senhora secretária e parceira Mila Trepíchio, consideramos como nossa casa. Tivemos a honra de visitar outras casas que já se tornaram nossas grandes amigas e igualmente parceiras: o Clube Comercial de Lorena, a Amipel, a Fatea e o Unisal. Cumprindo nossos objetivos, levamos nossa arte às casas de repouso Lar São José, Abrigo Maria de Nazareth, Vila Vicentina à Adefil, à Santa Casa de Lorena, Câmara Municipal, 5º BIL, lojas e supermercado de nosso comércio. Participamos de eventos junto à Sejel, nos parques da cidade e no CSU.
Estivemos presentes em escolas de Lorena, Cachoeira Paulista, Canas e Guaratinguetá. E trouxemos também escolas que abrilhantaram nossas sessões, incentivando novos talentos, pois não somos e nem queremos ser imortais; por isso, precisamos de novas gerações de artistas preocupados em democratizar a arte, para que a Allarte, sim, seja imortal.
E nossa caminhada, ainda que curta, só foi e continuará sendo possível graças a vocês, que acompanham nossa caminhada neste primeiro ano… E não faltam às nossas sessões mensais, sempre alegres e calorosamente lotadas. Como poeta e declamador que sou, quero citar o grande João Cabral de Melo Neto, em seu poema “Tecendo a manhã”:
“Um galo sozinho não tece uma manhã:
Ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
E o lance a outro;
de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
E o lance a outro;
e de outros galos
que com muitos outros galos
se cruzem os fios de sol
de seus gritos de galo,
Para que a manhã,
desde uma teia tênue,
se vá tecendo,
entre todos os galos”.
Aos quinze membros fundadores, outros acadêmicos entre efetivos e correspondentes se somaram e, hoje, a Allarte e todos vocês, nossos parceiros, nossos amigos e nosso público, juntos teceremos uma linda aquarela, onde todas as artes e seus artistas tenham suas cores, seus cantos e encantos.
Discurso do presidente da Allarte na abertura das comemorações do primeiro aniversário da Academia, realizada no dia 26 de setembro de 2015, no Teatro São Joaquim de Lorena
A Allarte (Academia Lorenense de Letras e Artes), fundada no dia 24 de setembro de 2014, tem como objetivos: acolher em seu seio valores literários e artísticos, resgatar a história de nossa cidade, apoiar e desenvolver o culto das letras, das artes e do intelecto, valorizar escritores e artistas locais exaltando pessoas e datas significativas, promover a defesa da língua, dos valores morais e éticos que fundamentam a civilização ocidental e a formação brasileira.
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