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O que pode significar o “Ano da Misericórdia” de 2016 para todos nós (católicos e não católicos)

06/01/2016

Com a Bula Misericordiae Vultus, o Papa Francisco proclamou 2016 como o “Ano Santo da Misericóridia”, movimentando toda a Igreja a vivenciar um novo tempo, com gestos concretos e ritos litúrgicos especiais. A cada ano, a humanidade caminha para consolidar um dos três ideais da Revolução Francesa – a Fraternité (Fraternidade) –, que também se manifesta no aprendizado com os bons valores da religião. Ano passado o Papa Francisco “fez história”, segundo o secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, ao discursar na abertura da Assembleia Geral que definiu as Metas do Milênio para os próximos 15 anos. O Papa Francisco discursou no mesmo dia que a jovem paquistanesa Malala Yousafzai, muçulmana e defensora do direito das mulheres à educação.

É bonito ver isso: como líderes de todo o mundo, religiosos e não religiosos, estão buscando aproximação e integração em prol de uma causa comum – o ser humano e o planeta Terra. Sendo assim, tudo leva a crer que os últimos dois documentos lançados pelo Papa Francisco ( SMisericordiae Vultus e Laudatoi’ – sobre o cuidado com o Meio Ambiente) não se dirigem apenas aos católicos, mas buscam fortalecer a voz uníssona dos ativistas e sonhadores que buscam um futuro mais humano e condigno para todos.

Por isso, podemos dizer que o Ano da Misericórdia de 2016 pode fazer a diferença não apenas dentro da Igreja (ad intra), mas também fora: na sociedade em geral, em cada lugar onde vivemos e com as pessoas com as quais nos relacionamos. Algumas propostas do Papa para as pessoas neste ano:

1. Aos religiosos: serem testemunhas da Misericórdia (MV 3) para todos. Ao invés de mostrarmos um semblante rígido e severo aos outros, agirmos como o Bom samaritano: de forma paciente, benigna, amorosa, cuidando e remediando as feridas (MV 4).

2. Para todos nós, ao comentarmos um acontecimento: propagarmos a esperança e oferecermos palavras de confiança, e não “presságios funestos” (MV 4).

3. Em nosso relacionamento com o próximo: perdoar sem medidas. Escreve o Papa Francisco: “Tantas vezes, como parece difícil perdoar! E, no entanto, o perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança são condições necessárias para se viver feliz” (MV 9).

4. Para aqueles que exercem cargos de responsabilidade sobre outros: é preciso ir além da Justiça e saber olhar para o próximo com misericórdia, perdoando-o (MV 11). “Somos chamados a viver de misericórdia, porque, primeiro, foi usada misericórdia para conosco” (MV 9).

5. Ao falarmos: misericórdia nas palavras!“Que grande mal fazem as palavras, quando são movidas por sentimentos de ciúme e inveja! Falar mal do irmão, na sua ausência, equivale a deixá-lo mal visto, a comprometer a sua reputação e deixá-lo à mercê das murmurações” (MV 14).

6. Diante dos mais necessitados: abrirmos os nossos corações, cuidando das feridas de tantos irmãos e irmãs que sofrem a humilhação e a indiferença diante de seus problemas (os famintos, aflitos, enfermos, presos, etc). São as chamadas “obras de misericórdia corporal e espiritual” (MV 15).

E então: 2016 pode ser positivamente diferente para todos! Só a misericórdia é capaz de reconciliar a História: passado, presente e um promissor futuro!

Xiii… Parece difícil cumprirmos todos estes 6 itens neste “Ano da Misericórdia” de 2016? Recordemos a famosa frase de Nelson Mandela: “It always seems impossible until it’s done” (Sempre parece impossível, até que seja feito)!

Rafael Beck Ferreira

MV: Sigla para Misericordiae Vultus (Bula papal).

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