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COLUNISTAS / Falando sério

Quando Deus criou o policial…

18/02/2016

… Deus estava no sexto dia de horas extraordinárias quando aparece um Anjo e lhe diz:

– Estás levando muito tempo nesta criação, Senhor!!! O quê tem de tanto especial este homem?

Deus respondeu:

– Tu já viste o que me pedem neste modelo? Um policial tem que correr 10 km por ruas escuras, subir paredes, pular muros, entrar em matagais, entrar em casas que nem um fiscal de saúde pública ousa penetrar… e tudo isso sem sujar, manchar ou rasgar seu uniforme. Tem que estar sempre em boa forma física, quando nem sequer lhe dão tempo para comer. Tem que investigar um homicídio, buscar provas nessa mesma noite e, no outro dia, ir até o tribunal prestar depoimento. Também tem que possuir quatro braços, para poder dirigir sua viatura, atirar contra criminosos e ainda chamar reforço pelo rádio.

O Anjo olha para Deus e diz:

– Quatro braços? Impossível!

Deus responde:

– Não são os quatro braços que me dão problemas e sim os três pares de olhos de que necessita.

– Isso também lhe pedem neste modelo? – pergunta o Anjo.

– Sim. Necessita de um par com raio-x para saber o que os criminosos escondem em seus corpos. Necessita de um par ao lado da cabeça para que possa cuidar de seu companheiro e outro para conseguir olhar uma vítima que esteja sangrando e ter discernimento necessário para dizer que tudo lhe sairá bem, quando sabe que isto não corresponde à verdade.

Neste momento, o Anjo diz:

– Descansa e poderás trabalhar amanhã.

– Não posso – responde Deus. – Eu fiz um policial que é capaz de acalmar um drogado de 130 kg sem nenhum incidente e, ao mesmo tempo, manter uma família de cinco pessoas com seu pequeno salário. Ele estará sempre pronto para morrer em serviço, com sua arma em punho e com sentimento de honra junto ao sangue.

Espantado, o Anjo pergunta a Deus:

– Mas Senhor, não é muita coisa para colocar em um só modelo?

Deus rapidamente responde:

– Não. Não irei só acrescentar coisas, mas também irei tirar. Irei tirar seu orgulho, pois infelizmente para ser reconhecido e homenageado, ele terá que estar morto. Ele também não irá precisar de compaixão, pois ao sair do velório do seu companheiro, ele terá que voltar ao serviço e cumprir sua missão normalmente.

– Então ele será uma pessoa fria? – pergunta o Anjo.

– Certo que não – responde Deus. – Ao chegar em casa, deverá esquecer que ficou de frente com a morte e dar um abraço carinhoso em seus filhos, dizendo que está tudo bem. Terá que esquecer os tiros disparados contra seu corpo ao dar um beijo apaixonado em sua esposa. Terá que esquecer as ameaças sofridas ao ficar desesperado, quando o salário não der para pagar as contas no final do mês, e terá que ter muita, mas muita coragem para, no dia seguinte, acordar e retornar ao trabalho sem saber se irá voltar para casa novamente.

O Anjo olha para o modelo e pergunta:

– Além de tudo isso, ele poderá pensar?

– Claro que sim – responde Deus. – Poderá investigar, buscar e prender um criminoso em menos tempo que cinco juízes levam discutindo a legalidade dessa prisão. Poderá suportar as cenas de crime, consolar a família de uma vítima de homicídio e, no outro dia, ler nos periódicos que os policiais são insensíveis aos direitos dos criminosos.

Por fim, o Anjo olha o modelo, passa-lhe os dedos pelas pálpebras e fala para Deus:

– Tem uma cicatriz e sai água. Eu te disse que estavas pondo muito nesse modelo.

– Não é água; são lágrimas – responde Deus.

– E por que lágrimas – perguntou o Anjo.

Deus responde:

– Por todas as emoções que carrega dentro de si. Por um companheiro caído, por um pedaço de pano chamado bandeira e por um sentimento chamado JUSTIÇA.

– És um gênio – responde-lhe o Anjo.

Deus o olha todo sério e diz:

– Não fui eu quem lhe pus lágrimas. Ele chora porque é simplesmente um homem!!!

(Autor desconhecido)

“A sociedade não pode assistir calada a própria destruição”. (Arnaldo Jabor)

COLUNISTAS / João Barbosa

Lorenense, formado em Engenharia Química em 1995, pela então Faenquil, hoje EEL-USP (Escola de Engenharia de Lorena, da Universidade de São Paulo), é casado com Joice e possui dois filhos, João Vítor e Gabriel. Desde sua formação, atuou em grandes empresas do ramo alimentício; dentre elas, a Pullman Alimentos (Pão Pullman, como é conhecida), hoje Bimbo do Brasil.

Há alguns anos, buscou a realização de um sonho antigo e transformou-se em Investigador de Polícia da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Atualmente, atua na Divisão de Homicídios do  DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) da cidade de São Paulo-SP.

E como aceitar desafios e ajudar ao próximo é sempre seu objetivo, com ele estaremos “Falando sério”.

“O sucesso nasce do querer. Sempre que o homem aplicar a determinação e a persistência para um objetivo, ele vencerá os obstáculos, e se não atingir o alvo, pelo menos se orgulhará de ter tentado”. (José de Alencar)


barbosajjs@globo.com

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