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Perícia Técnica do carro

Latrocínio esclarecido: autores de crime contra bancário de Piquete estão na cadeia

11/03/2016
Vagner Mangabeira Carini

Vagner Mangabeira Carini

Um crime bárbaro na semana que antecedeu o Carnaval vitimou um filho de Piquete, funcionário do Banco do Brasil de Guaratinguetá: Vagner Mangabeira Carini, 31 anos, encontrado brutalmente assassinado em estrada de Piquete, próximo à entrada da cidade, num local conhecido como mina d’água.

O caso aconteceu no dia 3 de fevereiro, mas a Polícia Civil só pôde oferecer informações agora, para não atrapalhar o andamento das investigações, que levaram ao seguinte histórico:

O dia 2 de fevereiro de 2016, terça-feira antes do Carnaval, era mais um dia comum na rotina de Vagner, filho de família respeitada, conhecida e querida de Piquete. Ele saiu de sua cidade pela manhã, onde morava com os pais, levando a comida que sua mãe preparava para ele todos os dias, rumo a Guaratinguetá, onde era bancário do Banco do Brasil.

Após o expediente, Vagner ainda saiu com uma amiga. “Eles pagaram contas, foram pesquisar preços de celular, pois Vagner estava sem e utilizava um tablet da família como telefone, enquanto não comprava outro aparelho”, conta a delegada responsável pelo caso, dra. Adriane Gonçalves, que responde pelo 1º D.P. (Distrito Policial) de Lorena e também por Piquete, onde já foi delegada titular por três anos.

Segundo dra. Adriane, toda a movimentação de Vagner, em seu último dia de vida, foi possível de ser rastreada por suas movimentações bancárias no cartão do banco. “Pelo levantamento dos pagamentos que ele fez, conseguimos determinar mais ou menos seu trajeto naquele dia. E então fomos solicitando as filmagens de todos os lugares pelos quais ele passou, onde havia câmeras”, explica a delegada.

O último lugar onde ele foi visto foi um restaurante de Piquete, que também possui circuito interno de filmagem. Neste local, onde ele chegou, à noite, já estavam seus futuros assassinos, é o que aponta a investigação policial, que já está praticamente concluída.

Vagner chegou sozinho ao restaurante e tomou cerveja. As imagens também mostram os dois acusados do crime e um menor conversando com ele por algumas horas, tendo, inclusive, sentado em sua mesa. “Em determinado momento da noite, a vítima sai do restaurante com um dos suspeitos, vem a Lorena e volta para Piquete. Temos registros dele em um posto de gasolina em Lorena e também de consulta a saldo no caixa eletrônico. No entanto, foi só quando ele voltou a Piquete que sacou dinheiro, talvez porque o caixa eletrônico de Lorena não estivesse abastecido”, relata dra. Adriane.

Em Piquete, Vagner volta para o mesmo restaurante e continua conversando com seus futuros algozes. “Quando eles se despedem, percebemos nas imagens uma troca discreta de sinais entre os criminosos”, conta a delegada. “Acreditamos que, após a saída da vítima do restaurante, entre 3h30 e 4h da manhã, os acusados tenham pedido a ele uma carona. E quando Vagner foi visto novamente, já estava sem vida, brutalmente assassinado”.

Dra. Adriane destaca que chama a atenção a crueldade e a violência utilizada contra a vítima, no momento de sua morte: pedradas seguidas e violentas, em seu rosto, que ficou desfigurado. “Ainda aguardamos confirmação pelo laudo da necropsia, mas já é praticamente certo que a causa da morte foi traumatismo craniano”.

Sangue frio dos autores do crime

Após o assassinato, Vagner foi deixado no mato, próximo ao local conhecido como mina d’água (perto da entrada de Piquete). E os autores do crime levaram seu carro e todos os seus pertences: crachá do trabalho, documentos, carteira, o tablet que usava como telefone, entre outros objetos.

L.G.R.S. (21 anos, de Piquete) e D.G.G. (23 anos, também de Piquete e que já havia sido preso por tráfico de drogas) saíram do local do crime e foram até a casa do menor que os acompanhava no restaurante. “Temos testemunhas que confirmam a versão do menor, de que ele saiu do restaurante e foi para casa. Pouco tempo depois, os dois criminosos voltaram para buscá-lo. Segundo o relato do menor, a intenção dos autores, maiores de idade, é que ele assumisse a responsabilidade pelo crime, pois sua adolescência o livraria de uma pena maior, caso eles fossem descobertos. Já no carro da vítima, os três vieram para Lorena. Aqui, eles venderam os objetos de valor de Vagner e compraram cocaína. Após o consumo da droga, eles ainda tentaram vender o carro em Lorena, sem sucesso. Seguiram para Guaratinguetá, onde também não conseguiram vender o carro. E então voltaram para Lorena, abandonaram o veículo no Bairro da Cruz e foram embora para Piquete, cada um para sua casa”, relata dra. Adriane.

A identificação de Vagner

O corpo de Vagner foi encontrado graças a uma denúncia anônima, na quarta-feira mesmo (3 de fevereiro), antes do meio-dia. As marcas da violência em seu corpo evidenciavam a crueldade dos autores do crime.

Com ele, só havia o cartão do banco, através do qual foi possível descobrir seu nome. E então a Polícia precisou chamar a família, que fez o reconhecimento do corpo.

As provas do crime

O carro roubado foi encontrado abandonado pela Polícia Militar de Lorena na avenida 7 de Setembro,na altura do número 1467, no final da tarde do mesmo dia. A Polícia ainda ficou observando o local por cerca de três horas, antes de efetivamente tomar qualquer iniciativa, pra ver se alguém retornava para pegar o veículo. Mas ninguém apareceu.

O delegado plantonista do dia 3 de fevereiro, dr. Mário Celso Ribeiro Senne, foi quem tomou as primeiras providências. O local foi preservado e foram realizadas várias perícias. Os peritos foram detalhistas e colheram diversas impressões digitais no carro, assim como amostras de possíveis marcas de sangue no veículo. Também os documentos de Vagner foram encontrados no carro.

A perícia técnica ainda não foi concluída. Os resultados da análise devem chegar na próxima semana. Mas para dra. Adriane e sua equipe, o caso está esclarecido.

Perícia técnica do carro

Perícia técnica do carro

Perícia Técnica do carro

Perícia Técnica do carro

Perícia Técnica do carro

Perícia Técnica do carro

Pertences da vítima

Pertences da vítima

Possível mancha de sangue no carro

Possível mancha de sangue no carro

A prisão dos acusados

A prisão temporária de D.G.G. e L.G.R.S. foi expedida na sexta-feira, 5 de março, dois dias após o crime brutal.

D.G.G. foi preso em Roseira na segunda-feira, dia 8, pulando Carnaval na praça da cidade. “Na certeza da impunidade, D. achava que não seria pego. E quando foi encontrado pelos policiais, pulando Carnaval como se nada tivesse acontecido, ainda alegou que, se tivesse feito alguma coisa, não estaria ali se divertindo”, conta dra. Adriane.

A delegada revela ainda que D.G.G. alegou que nem chegou a sentar na mesma mesa que a vítima, assim como negou até que tivesse bebido, mas foi claramente desmentido pelas imagens das câmeras do restaurante em Piquete. Sua versão também foi desmentida nas declarações de L.G.R.S., que se entregou à Polícia em 18 de fevereiro, dez dias após a prisão de seu comparsa, ciente de que seria preso.

“L.G. admitiu estar no bar com a vítima e admite ter ido perto da bica d’água, mas simplesmente omite o momento da morte. Segundo ele, Vagner, L.G. e D. estavam naquele local, mas houve um desentendimento entre eles, momento em que teria voltado para o carro. E aí diz que não sabe o que aconteceu, provavelmente com a intenção de imputar a culpa do crime somente ao seu comparsa D., versão na qual a Polícia não acredita, por todas as evidências encontradas nas investigações”, relata a delegada.

Satisfação à família e à população de Piquete

Dra. Adriane finaliza afirmando que o resultado da perícia só deve vir a confirmar o que as investigações apontaram. “Para nós, o caso já está esclarecido e os acusados estão presos em Aparecida, indiciados por latrocínio, crime caracterizado pela prática de roubo resultante de morte, com pena prevista de 20 a 30 anos de reclusão”.

A delegada agradece o empenho de sua equipe envolvida no caso: os policiais civis de Piquete Claudinei Luiz de Moraes, Aldemir Pereira dos Santos, Ericsson Marcos dos Santos, Rute Rocha Carvalho, Godofredo Bittencourt Pinto, Robson Luiz Pereira Lemos e Fausto Tenório dos Santos. “O empenho e dedicação desta equipe foram fundamentais para o esclarecimento deste crime trágico. Sem todo o esforço empreendido por eles, que passaram noites em claro trabalhando, este resultado tão rápido não teria sido atingido”. A delegada ressalta também o trabalho do delegado dr. Mário Celso, que foi o plantonista que tomou as primeiras providências na coleta de provas no veículo da vítima, importantíssimas para a investigação.

“Piquete é uma cidade onde esse tipo de delito não ocorre com frequência, ainda mais com tamanha violência. Graças ao trabalho sério e dedicado da Polícia, pudemos dar uma satisfação rápida à família de Vagner, que é muito querida e que está bastante abalada com o ocorrido. Também nos sentimos na obrigação de dar uma satisfação à população de Piquete, pois o crime chocou a cidade que costuma ser tranquila. Essa conclusão do inquérito em pouco mais de um mês demonstra que a Polícia Civil está atuando e a sensação do dever cumprido é o que faz o policial se movimentar”, afirma dra. Adriane.

O delegado titular de Lorena, dr. Ernani Ronaldo Giannico Braga, também elogiou o trabalho dos colegas: “Dra. Adriane, dr. Mário Celso, toda a equipe da Polícia Civil, da Perícia, a Polícia Militar de Lorena… estão todos de parabéns, pelo empenho e profissionalismo, que tornou possível o rápido esclarecimento deste crime bárbaro”, registra dr. Braga.

Fotos cedidas pela Polícia Civil.

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