Por Guto Domingues
Sempre pergunto em minhas aulas duas coisas: O que é Música? Para que serve a Música? E colho diversas respostas. “Música é letra”. “Música é para dançar”. “Música é para lembrar”. “Música é tocar um instrumento”. Mas basicamente esses alunos não conseguem atingir um ponto comum.
Nesse ponto, pergunto do que é feita a Música. Rapidamente respondem: “Letra e instrumentos”. Pergunto de novo, sem nunca antes deixar de falar: “Letra não é música”. Letra é literatura, poesia, outra coisa. Deixo isso para depois. E sigo.
Instrumento faz o quê? “Música!” – respondem, indignados.
Então, música e som são a mesma coisa? Novamente pergunto: E agora, o que é música? “Música é som”. Mas música é qualquer som? Antes que me joguem fora da sala, explico que qualquer som ordenado pode ser entendido como música. Se, a partir de um momento, determinarmos um pulso ou conseguirmos prever o momento que acontecerá um som, sim! É música!
“Professor, qualquer som ordenado pode ser música?” Sim, pode. Mas até agora determinamos um conceito do que é. A estética ou beleza e se gostamos ou não é outra coisa. Já que o som é o material que usamos para fazer música, devemos analisar as propriedades do som: se ele é curto ou longo, agudo ou grave, intenso ou fraco (volume), e onde é produzido (timbre).
O próximo passo é saber os elementos da música. Se o som for sozinho, tocado um de cada vez é uma melodia. Se tocarmos dois ou mais ao mesmo tempo, é harmonia, e a maneira que que eles aparecem no tempo é o ritmo.
Agora vamos fazer um pouco de música. “Como, professor?”. Um estalo de dedos seguido de duas batidas das palmas das mãos é música. Temos aí melodia e ritmo e dois sons diferentes.
Ainda não estamos falando de sons tonais (Sons regulares: Dó, RÉ, Mi, etc.). São sons irregulares (percussivos, sem poder verificar uma vibração que torne o som regular – o Lá do diapasão tem 440 hz por exemplo). Mas mesmo com palmas, podemos fazer uma infinidade de variações rítmicas que, no fim, são música. Na internet, há uma variedade grande de grupos de percussão corporal que acho interessante pesquisar. “Barbatuques” é um que recomendo.
A Música nesse aspecto de ritmo e percussão é muito natural e fácil de produzir. Talvez isso explique a abundante safra de músicas extremamente dançantes e fáceis que há na indústria pop. Entretanto, isso é assunto para outra conversa.
Batam palmas em velocidades diferentes, em volumes diferentes. Estalem os dedos entre uma palma e outra. Ou a cada duas ou a cada três. A vida é curta demais para apenas ouvir. Está na hora de começar a fazer música.
Mais tarde explico a conclusão dos alunos da pergunta: “Para que serve música?”
Guto Domingues é membro fundador da Allarte, ocupa a cadeira de nº 14 e tem como patrono Villa-Lobos
A Allarte (Academia Lorenense de Letras e Artes), fundada no dia 24 de setembro de 2014, tem como objetivos: acolher em seu seio valores literários e artísticos, resgatar a história de nossa cidade, apoiar e desenvolver o culto das letras, das artes e do intelecto, valorizar escritores e artistas locais exaltando pessoas e datas significativas, promover a defesa da língua, dos valores morais e éticos que fundamentam a civilização ocidental e a formação brasileira.
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