Há uma semana recebi a visita de um jovem e talentoso fotógrafo, Gustavo Chicarino, que é aluno do curso de Comunicação Social da FATEA, anunciando que participaria como convidado do Projeto Voluntários do Sertão. Esse projeto reúne pessoas que querem a melhoria da qualidade de vida comum e para isso oferecem o que sabem fazer de melhor, através de seu trabalho. O entusiasmo de Chicarino me fez pensar sobre jovens que doam o tempo somente pela alegria de promover uma sociedade melhor, em solidariedade, em vida, em fé, cultura, em Deus.
Pensar nesse gesto concreto de “doar-se livremente” do fotógrafo e de tantos outros jovens que lá estiveram, obriga-nos a alargar o olhar, pois a transformação de nossa sociedade necessita de ações missionárias que não se reduzem apenas a uma missão aprisionada em um universo particular; somos carentes de ações e uma missão político-sociais no sentido maior desta palavra, como fonte de inspiração para as transformações necessárias que resgatem a humanidade para um tipo de civilização do amor e da compaixão, que seja menos individualista, materialista, cínica e destituída de solidariedade.
O apelo missionário deste e de tantos outros projetos sociais, instalados aqui em nossa cidade e que às vezes nem conhecemos, nos impele a sair pelo caminho como pessoas que mudam o coração e a mentalidade. Uma mudança nada simples, pois implica a coragem de mudar sempre, de recomeçar quando necessário, de se abrir para olharmos as pessoas com amor e positividade. Olhar este que nasce na espiritualidade, mas se fortalece na experiência comunitária do amor do social como missão.
Essa proposta de alargar nosso olhar pressupõe um movimento por excelência da tomada de conscientização, de protagonismo das comunidades, dos movimentos sociais (de luta pelas mulheres, negros, idosos, pelos trabalhadores etc), das escolas e universidades, dos jovens, no processo de transformações sócio-político-religiosas da sociedade, espaço de construção de uma consciência mais esclarecida da realidade. O “Alargar o olhar” institui-se a partir de uma reflexão cristã, na busca de uma transformação da realidade de pobreza e injustiças sociais.
Alargar o olhar pressupõe fé na vida. Crer na vida significa assumir radicalmente a coletividade como valor. Assumir essa radicalidade em amor, compaixão e solidariedade significa com a coragem de crer em Deus, desfazendo as imagens de Deus unidas ao poder e ao status-quo, de educar para os valores, despertando consciência e atitude crítica frente à realidade, que nasce do confronto desta realidade com os valores que se querem promover, com o “olhar alargado” em vistas ao desenvolvimento de uma solidariedade, que protagoniza, reflete, ilumina e aprofunda com os outros, especialmente os mais pobres, o estilo e forma de vida e ação para seguir, construindo uma sociedade que enfrenta as situações que privam a população de instrução, espaços de trabalho, lazer e saúde, cidadania, liberdade de escolher e projetar o próprio futuro.
Penso que é nesse posicionamento firme que Deus fala e espera por nós. Como declarou Monsenhor Romero, crer é “estar a favor da vida ou da morte. Não há neutralidade possível. Ou servimos à vida, ou somos cúmplices da morte de muitos seres humanos. Aqui se revela qual é a nossa fé: ou cremos no Deus da vida, ou usamos o nome de Deus, servindo aos algozes da morte”.
Parabenizo o gesto de Chicarino e deixo com vocês algumas fotos que ilustram a experiência vivida por ele em Cabrália na Bahia. Juntamente com as fotos, eu os convido para juntos alargarmos o olhar, a fim de delinearmos formas de ser e estar com os outros, que se realizam pelo cuidado em que a relação não é sujeito-objeto, mas sujeito-sujeito, passando de uma mentalidade de autorrealização individualista à coragem de realmente assumir o a coletividade e o bem comum como valores que impulsionam em nosso cotidiano a coragem de voltarmo-nos para fora de nós mesmos, com o propósito de doarmo-nos livremente na construção de um mundo que seja ideal para todos.
Wellington de Oliveira cursou mestrado e doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e pós-doutorado em Psicologia da Educação pela mesma universidade. Atualmente, é Diretor Geral da Fatea (Faculdades Integradas Teresa D’Ávila); professor permanente no Programa de Estudos Pós-Graduados em Design, Inovação e Tecnologia da Fatea e Coordenador do Laped (Laboratório Interdisciplinar em Design, Tecnologia e Educação). Suas pesquisas contemplam uma interface entre as áreas do Emotional design, Design de interação e a Psicologia Sócio-histórica, com foco nos seguintes temas: Design, subjetividade e processos culturais; Emotional design e as perspectivas (trans) interdisciplinares nos processos de produção/criação. Pesquisador do Grupo Lace (Linguagem e Atividade em Contextos Escolares) na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo- PUC/SP e no Grupo Atividade e Formação Docente na mesma universidade.
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