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Investigação que começou em Lorena leva à prisão de quadrilha interestadual de roubo de gados

24/05/2016

No total, são 10 pessoas presas; entre elas, donos de açougues de Lorena e Cruzeiro. Foram 3 meses de trabalho para desmantelar a quadrilha, que fazia distribuição ilegal de carnes

Uma apreensão de 400 kg de carne dentro de um veículo, no dia 27 de fevereiro deste ano, de gado abatido de forma irregular, nas redondezas do bairro rural Santa Lucrécia, em Lorena, deu início a uma intensa investigação da Polícia Civil da cidade, trabalhando em conjunto com a Polícia Militar. Este não era o primeiro registro que chamava a atenção na região, pois já era de conhecimento da Polícia várias ocorrências de furtos e roubos de gados nas cidades próximas.

Neste meio tempo, um outro furto, desta vez em Piquete, quando foram levadas de uma fazenda 25 cabeças de gado da raça girolanda, avaliadas em cerca de R$ 100 mil. O resultado, até o momento, foi a prisão de 10 pessoas, sendo dois empresários proprietários de açougues em Lorena e Cruzeiro. A quadrilha é acusada de envolvimento em furtos, roubos, receptação de gados e distribuição de carnes de maneira irregular, em diversas cidades da região e também em Minas Gerais. Portanto, o que aconteceu foi o desmantelamento de uma quadrilha interestadual de furtos na zona rural.

O roubo deste gado em Piquete foi o que acabou facilitando as investigações, pois são vacas leiteiras e marcadas, fáceis de ser identificadas. “Parte deste gado nós encontramos em Pindamonhangaba, depois que o dono de um frigorífico de lá registrou, em Boletim de Ocorrência, que havia comprado 11 cabeças de gado de procedência duvidosa de um açougueiro de Lorena, pois este havia prometido entregar nota fiscal e toda a documentação necessária, mas não apareceu mais”, conta a delegada responsável pelas investigações, dra. Adriane Gonçalves, ex-titular do 1º D.P. (Distrito Policial) de Lorena (e há duas poucos dias na Delegacia de Defesa da Mulher de Lorena). “Quando tivemos conhecimento deste B.O., as investigações começaram a avançar e se desenvolveram. E realmente, essas 11 cabeças de gado foram identificadas como parte das roubadas em Piquete. Isso foi no dia 23 de abril”, confirma dra. Adriane. “Outras 12 cabeças foram localizadas em Cruzeiro, no dia 28 de abril, em poder de 3 homens que sabiam da origem criminosa do gado. As outras duas cabeças restantes foram encontradas em Passa Quatro (sul de Minas Gerais). Esses dois gados encontrados em Minas foram vendidos pela quadrilha que estava em Cruzeiro, mas o homem que os comprou, aparentemente, é de boa fé, não sabia da procedência criminosa do produto que estava adquirindo”, completa a delegada.

Em Lorena, chegou-se ao nome de A.L.M., 40 anos, proprietário de dois açougues na cidade. “Temos provas, testemunhas e a sua confissão de participação no furto desses 25 gados em Piquete, bem como na ocultação dos animais e aparente envolvimento em uma série de crimes da mesma natureza. Esse empresário foi preso no dia 28 de abril, mesmo dia em que foram localizados os demais animais roubados e a quadrilha que os escondia, em Cruzeiro”, explica dra. Adriane.

No dia 28, além de A.L.M., também foram presos outros três homens de Cruzeiro, por formação de quadrilha e receptação: L.F.S. (40 anos, proprietário de um açougue na cidade onde residia), R.M.A. (35 anos) e J.V.N.B. (30 anos). Estes três indiciados estavam mantendo o gado roubado em terras arrendadas e foram presos em flagrante.

Dentro da mesma investigação, uma outra diligência foi realizada ainda no dia 28 de abril, em Cachoeira Paulista, na Estrada do São Miguel, onde foi encontrado um abatedouro ilegal. Neste local, foi preso o pecuarista C.A.F., 51 anos, residente no local. Além de ser enquadrado nos crimes de formação de quadrilha e receptação, este homem vai responder por porte ilegal de arma de fogo. Foram apreendidas uma carabina calibre 38, uma espingarda calibre 38, um revólver calibre 32 e farta quantidade de munição.

“Neste abatedouro ilegal, eram evidentes as péssimas condições de higiene, o que coloca a saúde da população em risco”, afirma a delegada. Carcaças de animais, câmara fria e diversos equipamentos para o abate de gado também foram apreendidos.

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Açougues inspecionados

Um dia após a prisão de A.L.M., dono de dois açougues em Lorena, os estabelecimentos foram inspecionados pela Vigilância Sanitária da cidade, com apoio da Polícia Civil e da Força Tática da Polícia Militar. Um dos estabelecimentos fica na av. Coronel Marciano, no bairro Santo Antônio (próximo à Igreja de Santo Antônio); e o outro na avenida São Tomás (próximo à Rodoviária).

“Algumas autuações foram feitas pela Vigilância Sanitária, mas nada de origem ilícita foi encontrado”, explica dra. Adriane. “Essa inspeção foi feita no dia 29 de abril. No entanto, dois dias antes de ser preso, A.L.M. negociou o açougue da avenida São Tomás com outro empresário. A alegação é de que o negócio, economicamente, não era mais rentável para ele. Mas a suspeita é a de que ele sabia que estava sendo investigado e ia sair da cidade”.

Mais presos e mais gados apreendidos

No total, a Polícia apreendeu, além dos 25 gados da raça girolanda que já foram devolvidos para seu criador, outras 35 cabeças sem origem comprovada. Possivelmente, são animais produtos de outros furtos realizados na região.

Estes animais foram encaminhados ao Sindicato Rural de Lorena e Piquete, para eventuais reconhecimentos por fazendeiros da região.

Neste mês de maio, também foram presos mais cinco membros da quadrilha atuante no furto e roubo de gado. Segundo dra. Adriane, os mandados de prisão foram expedidos na ação penal que já está em andamento na Comarca de Piquete, mas os indiciados foram presos em Itajubá, já que eles também cometiam crimes no estado de Minas Gerais.

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A saúde da população em risco

Finalizando, a delegada ressalta sua preocupação com a população da região, pois boa parte da carne era abatida de forma irregular, o que pode trazer danos sérios à saúde.

“Para evitar que carnes de procedência duvidosa sejam comercializadas, a nossa orientação à população é: peçam a nota fiscal nos açougues. Aliás, peçam nota fiscal sempre, pois é a única forma de controle da saída de alimentos. Quando a nota fiscal não é emitida, não dá pra ter noção do giro de mercadoria nos estabelecimentos, não dá pra ter controle sobre os produtos. Para os criadores, um pedido parecido: comprem e vendam somente com nota fiscal e toda a documentação exigida. É a única forma de coibirmos o mercado negro”, afirma dra. Adriane.

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