Mesmo ficando em uma posição privilegiada – entre Rio de Janeiro e São Paulo, cidades que concentram significativa parte da produção cultural do país – somente há pouco mais de dois anos, com a abertura do Teatro Teresa D´Ávila, Lorena começou a fazer parte do roteiro de espetáculos de qualidade.
O fato é que a população jovem da cidade cresceu sem ter acesso a textos produzidos para o teatro. A ideia da Unifatea, ao inaugurar o Teatro Teresa D´Ávila, é preencher essa lacuna através da leitura dramatizada de obras antológicas da dramaturgia nacional. Proporcionar à população, em especial aos universitários, um encontro com a produção teatral brasileira através do melhor de sua dramaturgia.
Neste sentido, mensalmente, um elenco (formado por atores locais e da cidade de São Paulo) fará a leitura dramatizada de uma obra clássica do repertório teatral brasileiro. Logo após, um dramaturgo convidado comandará um debate sobre o autor do mês e a peça apresentada.
Nessa primeira fase – A DRAMATURGIA BRASILEIRA NO SÉCULO XIX -, a ideia é trabalhar com autores que, segundo o crítico Sábato Magaldi, inauguraram a saga histórica do texto teatral no Brasil, sem grande expressividade até então. A seguir, as obras selecionadas:
– 19 de agosto – LIÇÃO DE BOTÂNICA – O barão Sigismundo manda anunciar a D. Helena, sua vizinha, que deseja uma entrevista. Animada, Cecília crê que o barão vem pedir sua mão pra o sobrinho Heitor, por quem está apaixonada. Para sua surpresa, o barão pede que D. Helena não receba mais o jovem em casa. O cientista crê que o casamento é incompatível com a ciência, e é seu plano que Heitor se torne um grande botânico, como é tradição na família. Cecília entra em desespero com o comportamento inusitado do cientista. Mas Leonor tem uma brilhante ideia. Ela finge ao velho um profundo interesse por botânica, e pede para ser sua discípula. O cientista se apaixona por ela, e reconsidera suas posições sobre o casamento e a ciência.
Machado de Assis- Dedicou-se intensamente ao teatro durante a década de 1860-70, seja como dramaturgo ou crítico teatral. Essa dedicação responde ao contexto social e político de sua época e pode ser entendida como um exercício para o desenvolvimento do grande contista e romancista Machado de Assis.
– 9 de setembro – O NOVIÇO – A narrativa bem humorada mostra a situação de jovens que, no século XIX, eram mandados por suas famílias para o sacerdócio sem ter vocação. Conta a aventura do ambicioso Ambrósio, que se casou com Florência interessado, na verdade, na herança que ela recebeu depois da morte de seu primeiro marido. Para ter total controle da situação, Ambrósio planeja enviar, respectivamente, para o convento e para o seminário Emília e Juca, filhos de Florência – assim como fizera com Carlos, sobrinho tutelado da esposa. Com todos fazendo voto de pobreza, ele teria total controle sobre a fortuna da família.
Martins Pena – Foi o introdutor da comédia de costumes no Brasil. Produziu peças curtas, apenas esboçando a natureza das personagens e criando tramas, por vezes, com pouca verossimilhança. Ainda assim, construiu passagens de grande vivacidade e situações surpreendentes e é constantemente elogiado pela espontaneidade dos diálogos e pela perspicácia no registro dos costumes brasileiros.
– Dia 14 de outubro – A CAPITAL FEDERAL – O autor registra com este texto sua visão crítica do crescimento urbano e suas contradições. Apoiado em estereótipos de alguns segmentos sociais, o texto mostra eficiência no seu objetivo de apresentar com humor os costumes urbanos do final do século XIX.
Arthur Azevedo- Dramaturgo, poeta, contista e jornalista maranhense escreveu poemas satíricos sobre as pessoas de São Luís, perdendo o emprego de amanuense. Seguiu para o Rio, em 1873, onde foi tradutor de folhetins, tornando-se conhecido por seus versos humorísticos. Escrevendo para o teatro, alcançou enorme sucesso. Consolidou a comédia de costumes brasileira, sendo no país o principal autor do Teatro de Revista, em sua primeira fase.
– Dia 4 de novembro – TEXTO ESCOLHIDO PELOS UNIVERSITÁRIOS – Nos três primeiros encontros com a plateia, o projeto irá propor uma votação (via internet) que definirá o último texto do ano a ser lido pela equipe de atores. A Unifatea vai apresentar uma lista com cinco possíveis textos e suas sinopses. Assim o público, ao longo das edições anteriores, votará naquele que lhe parecer mais interessante. No dia 14 de outubro (na penúltima noite do ciclo de leituras), será anunciado o texto vencedor.
Os ingressos terão preço simbólico de R$ 10(para alunos, professores e funcionários da Unifateae IST). O público espontâneo também poderá assistir (R$ 20e R$ 10).
A equipe
Coordenação e direção artística / Lorena: Caio de Andrade
Coordenação e direção artística/ São Paulo: Paulo Franco
Equipe de produção e atuação – Lorena: Movida Literária – Núcleo de Dramaturgia
Equipe de produção e atuação – São Paulo: Paulo Franco
Design gráfico: Camila Loricchio
Iluminação: YagoSanttos
Sonoplastia: TuTi MR
Produção executiva: Beatriz França
Direção geral de produção: Teatro Teresa D’Ávila/ Unifatea
Dramaturgo, diretor e produtor teatral, Caio de Andrade nasceu em Lorena (SP), no dia 25 de novembro de 1960, e construiu sua carreira no Rio de Janeiro.
Formado em jornalismo, trabalhou na TV Manchete e SBT.
Ao longo de seus dez anos na televisão, fez inúmeros cursos e oficinas de teatro, chegando a dirigir alguns espetáculos. Nos palcos, como autor e diretor, vem construindo uma ponte entre o teatro e a história do Brasil. Foi o criador do Projeto História em Cena, no Centro Cultural Banco do Brasil – RJ, que levou milhares de estudantes ao teatro ao longo dos seus três anos de existência.
Participou de encontros com importantes companhias inglesas, na área de teatro-educação e de inúmeros festivais no Brasil e no exterior. É, hoje, um dos profissionais de teatro mais atuantes e premiados da sua geração.
Foto por: Rodolfo Magalhães
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