Por José Aurélio Pereira

Recessão econômica e falta de valorização do desporto como ferramenta de melhoria social dificultam a carreira e a obtenção de patrocínio dos atletas da região. Esta é a opinião da secretária de Esportes de Lorena, Vera Silva.

A filiação a confederações não reconhecidas pelo Ministério do Esporte também prejudica. Muitos desistem antes da profissionalização.
O Governo Federal oferece apoio aos atletas pela Lei Pelé, de 24 de março de 1998, que estabelece as diretrizes para a liberação de recursos federais. Apenas praticantes filiados a entidades que se enquadram às determinações desta legislação podem receber subsídio.

O lorenense Luiz Francisco, um dos melhores skatistas do mundo
Foto: Art Vídeo Photo

É o caso de Luiz Francisco, o Luizinho do Skate, filiado à CBSK (Confederação Brasileira de Skate). Com apenas 17 anos, Luizinho conquistou títulos nacionais e internacionais e é candidato a uma vaga nas Olimpíadas de Tóquio. É a primeira vez que o Skate é reconhecido como modalidade olímpica. Além de verba municipal, ele recebe da CBSK subsídio oriundo da Lei Pelé, o que, segundo o próprio atleta, não é suficiente para custear todas as despesas de inscrições, viagens e alimentação, entre outras despesas.

Secretária de Esportes de Lorena, Vera Silva, campeã brasileira de Tênis de Mesa. Foto: arquivo pessoal

“O esporte é uma questão de utilidade pública, pois é ferramenta de inclusão social e de melhoria da saúde, além da realização de sonhos”, afirma Vera, que administra um orçamento anual de R$ 2,5 milhões. A secretária, ex-jogadora de Tênis de Mesa, tem pós-graduação em Gestão Esportiva e especialização no Canadá. “A Prefeitura de Lorena investe dando aula gratuita de 42 modalidades esportivas. Atende em 21 bairros e 44 praças da cidade”.

Fabrício Dias, o Lorena do Vôlei
Foto: divulgação

O jogador de Vôlei Fabrício Dias, o Lorena, líder do Botafogo e esportista de maior projeção na cidade, sugere parcerias público-privadas para o fomento do esporte municipal. No esporte há 20 anos, Lorena, que já atuou na Itália, França e Qatar, defendeu a seleção brasileira por nove anos e teve desempenho de destaque no título mundial do Brasil conquistado na Itália. É o maior pontuador da história da Superliga de Vôlei.

DESTAQUES – Além de Luizinho e Lorena, outras duas atletas ganharam destaque em Lorena no noticiário recente. Ana Carolina da Costa, 23, conquistou recentemente o tricampeonato brasileiro de Muay Thai. Também tem dificuldade para obter patrocínio. “Estou sempre mandando mensagens para empresários da área de Nutrição, mas fecham as portas. Vejo que muita gente desiste no meio do caminho por conta disso”, diz.

Ana Carolina da Costa, tricampeã brasileira de Muay Thai
Foto: Alex Vieira

A carateca Maria Fernanda Leocádio Dias, 16, da seleção brasileira, que acumula títulos nacionais e pan-americanos, vem conseguindo ajuda de pessoas físicas e empresas para as competições das quais participa. Para a última, no Chile, recebeu subsídio privado de diversas empresas. Mas ela também é outra atleta que já deixou de representar o Brasil, em competição mundial, por falta de patrocínio. Maria Fernanda avalia que modalidades olímpicas têm mais facilidade para conseguir ajuda financeira de instituições públicas e particulares.

A carateca Maria Fernanda Leocádio

Foto: arquivo pessoal

Maria Fernanda ao lado de algumas das pessoas que tornaram possível sua participação no Pan-Americano de Karatê, no Chile: o vereador e professor Fábio Matos (Instituto MATOSTT), Felipe Milet (empresário da Auto Moto Escola Premium e presidente do Clube Comercial de Lorena), José Aurélio Pereira (Wizard Lorena) e Jeremias Alvarenga (também empresário da Premium)
Foto: O Lorenense