Respondendo essa questão deixada ao fim da última coluna, devo considerar alguns pontos:
– A minha experiência e o testemunho da experiência de meus alunos.
Embora eu não pretenda absolutamente definir nada, nem guiar ninguém na direção do meu gosto ou ao que acredito. Acho importante dividir esses pensamentos: há definições que são pessoais e definições que são convencionadas. Vamos tratar das definições discutidas em sala de aula.
Meus alunos, em muitos casos, dizem que música é para se divertir, para cantar, para apenas ouvir, para lembrar ou para ficar triste e/ou alegre. Cada um tem a sua preferência. Muitos falam que música é para dançar, para mexer com a gente. Enfim, música é para tudo. E nos damos conta que o som, musical ou não, está em todo lugar. E ficamos pensando o que define essas utilidades. Pergunto se eles têm o hábito de ouvir. Os menores escutam o que os pais têm o hábito de ouvir e adolescentes geralmente escutam o que os grupos onde vivem e frequentam, têm como preferência. Entretanto, esse texto não tem cunho antropológico ou social. Quero definir onde a música está na vida de cada um. São estudantes de música; sendo assim, devem ter um interesse diferente.
Assim que localizamos a música no cotidiano de cada um e separamos o momento onde cada um apenas ouve suas músicas favoritas, pergunto: “Você está lá, deitado de olhos fechados, ouvindo a banda de rock que você mais gosta. O que te agrada? O que te atrai? O que te deixa interessado em ouvir mais?”.
Muitas dúvidas aparecem nesse momento. Nunca pararam para notar esses aspectos. Mas respondem que é bom, que é legal ou que é dá hora, “Seu”!
Essas respostas são muito verdadeiras porque o intenso prazer que se sente ao escutar música provoca no cérebro a liberação de dopamina, um neurotransmissor que serve para avaliar ou recompensar prazeres específicos associados à alimentação, drogas ou dinheiro. A dopamina serve para reforçar alguns comportamentos essenciais à sobrevivência (alimentação), ou pode ainda desempenhar um papel na motivação (recompensa secundária através do dinheiro). O que não se sabia, no entanto, era como a substância poderia estar envolvida no prazer abstrato – como ouvir música.
Voltando ao ponto principal, Música serve para dar prazer. Ouvimos porque é bom e pronto. Pensando assim, biologicamente, qualquer música ou som vai criar o mesmo efeito. Então, por que produzimos tantas coisas diferentes? Experimentamos timbres, variamos a altura (frequência – grave ou aguda)? Sobrepomos melodias? Alteramos acordes e harmonias?
Nessa hora, acontece a inevitável pergunta: por que, professor, você escuta essas músicas? Por que seu gosto é diferente do nosso?
Guto Domingues é membro fundador da Allarte
Ocupa a cadeira nº 14 e tem como patrono Heitor Villa-Lobos
A Allarte (Academia Lorenense de Letras e Artes), fundada no dia 24 de setembro de 2014, tem como objetivos: acolher em seu seio valores literários e artísticos, resgatar a história de nossa cidade, apoiar e desenvolver o culto das letras, das artes e do intelecto, valorizar escritores e artistas locais exaltando pessoas e datas significativas, promover a defesa da língua, dos valores morais e éticos que fundamentam a civilização ocidental e a formação brasileira.
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