Por Isnaldi Rodrigues de Souza Filho
O menino acordou durante a madrugada de véspera de Natal, levantou-se da cama e calçou as meias, para que elas diminuíssem os ruídos dos seus passos. Todo o cuidado era necessário para que ninguém da família também acordasse, pois a missão exigia apenas um membro e era muito simples de ser cumprida: pegar o seu presente sob a árvore de Natal, que ficava na sala de visitas. Ele já sabia de anos anteriores que os presentes eram deixados sob a árvore de Natal à meia-noite. Não pelo Papai Noel, obviamente. O menino já era crescido e não acreditava mais nessas histórias.
Depois de ter calçado as meias, dirigiu-se à porta do seu quarto e, com uma das mãos na maçaneta, hesitou. Por um momento parou e se deu conta de que talvez o que estava fazendo não era certo. Iria estragar a surpresa e decepcionar quem deixou o presente sob a árvore de Natal. Refletiu por uns instantes, mas decidiu continuar.
A cada cômodo por onde passou para chegar à sala de visitas, uma batalha entre sua consciência e a vontade de ver o presente foi travada internamente. Mesmo assim, a ansiedade pelo presente prevaleceu, até que ele finalmente chegou à sala de visitas. Seu coração batia aceleradamente e sua respiração estava ofegante. A sala estava escura e ele não quis acender as luzes. Dirigiu-se para pegar uma das quatro velas que ficavam próximas ao presépio e iluminar o cômodo. Ao fazer isso, observou que o presépio estava incompleto. A manjedoura estava vazia. Apesar de achar isso estranho, prosseguiu. Quando aproximou-se da árvore de Natal, ficou incrédulo. Não havia presentes sob a árvore de Natal!
Sentiu-se frustrado, enraivecido. Pensou ainda que não fosse meia-noite e enquanto procurava inutilmente pelo presente aos arredores da árvore de Natal, um clarão iluminou a sala através de uma janela. O menino então foi até ela e viu uma estrela cadente cortar o céu, ao mesmo tempo que o relógio marcava meia-noite. Só então ele entendeu que aquele era o anúncio do seu presente. O melhor presente que poderia receber em sua vida. Virou-se e viu que o presépio estava, agora, completo.
Sobre o autor
Isnaldi Rodrigues de Souza Filho é engenheiro de materiais formado pela Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, é aluno de mestrado na mesma instituição e, ao longo de suas atividades acadêmicas, tem desenvolvido parte dos seus trabalhos no exterior. Sempre gostou de literatura e teve algumas de suas poesias contempladas pelo concurso Poeta de Gaveta da USP. Também é membro fundador da Academia Jovem de Letras de Lorena.
Esse texto é de exclusiva responsabilidade do autor. A AJLL não se responsabiliza pelas possíveis opiniões aqui apresentadas. Respeitamos a criação literária de cada autor, difundindo linguagem literária de linguagem gramatical, em textos que julga ser necessário.







