Autor: Academia Jovem de Letras
Espaço reservado às produções dos acadêmicos da Academia Jovem de Letras de Lorena. Membros da AJLL: Beatriz Neves, Camila Loricchio, Danilo Passos, Gabriela Costa, Gustavo Alves, Gustavo Diaz, Heron Santiago, Isnaldi Souza, Jéssica Carvalho, João Palhuca, Julia Pinheiro, Lelienne Ferreira, Lucca Ferri, Samira Tito, Thiago Oliveira, Vânia Alves e Wagner Ribeiro.
Por Lucca Ferri Desde pequenininho minha mãe me repete isso – não tive como não aprender.É de se refletir, entretanto, a abrangência significativa e envolvente que a expressão revela.Em primeira leitura, ela pode se referir às moças com as quais, eventualmente, nos relacionamos.Não é bonito dizer delas, sobre elas ou, pior, maldizê-las.É claro que isso também vale para as moças – não é bonito que elas falem dos rapazes.A ausência de beleza que acompanha o bode (ou cabra) falador traduz um interior comprometido.O dizer, fofocar, comentar, criticar, configura-se em fraqueza emocional, insegurança e desonra.O bom bode, entretanto, igualmente não berra –…
Por Thiago José de Souza OliveiraAo toque do terceiro sinal, as atenções se voltam todas para uma mesma vertente. O palco se ilumina e a baixa voz vai tomando conta de toda a superficialidade de nossos ouvidos. Ao fim, em pé, aplaudimos até cansar. O ator auspicioso se curva rumo ao cubículo com quem desfia segredos.Há milhares de descrições para o que chamamos prestígio. Talvez este seja um dos tesouros de maior agouro para qualquer artista e profissional. O reconhecimento. O ser destaque em meio à multidão. Mas, mesmo diante dos aplausos incansáveis de uma multidão repleta de energia, haverá…
Por Gustavo Andrés DiazNo clima frio, as gotas de chuva escorriam pela janela, suaves. A luz rarefeita entrava no cômodo aos poucos. O vi se acomodar na cama, olhando para o sol ao fundo das nuvens – as pupilas se contraíam aos poucos -, com um brilho esperançoso no olhar. À espera de uma chance de sair de casa sem precisar se preocupar com guarda-chuvas ou agasalhos, um daqueles dias especiais nessa época do ano. Sentiu o cheiro do café da manhã, me encarou.- O que temos hoje? – perguntou.Não processei a informação, meu foco continuava em seus olhos. A…
Por Danilo PassosPediram para eu esperar. Esperei. Na verdade, finquei os pés no chão e revirei um pouco o olhar. Esperei. Passaram duas mulheres. Loiras. Fofocas. Passaram dois homens. Belos. Esdrúxulos. Esperei. Virei os dedos. Uma, duas, três, quatro vezes. Ansiedade. Avistei um casal ao longe. Andavam juntos. Trocaram selinhos. Eu esperava. Revirei os olhos. Virei os dedos. Ansiedade. Avistei dois homens. Um alto. Um médio. Brancos. Conversando. Muito juntos. Gays. E eu esperava. Eles passaram por mim. Um deles levou o olho direito para os meus trajes. Sacou o que eu poderia ser. E era. Passaram. Outro casal. Quietos.…
Por Camila LoricchioNesses tempos, estive refletindo sobre o que nos faz pegar 500 mil demandas para o mesmo período. Não saber dizer não? Simplesmente ir pegando as demandas naquele momento impulsivo de “SIM! QUERO FAZER TUDO ISSO, CHESSUS!”? Nenhuma das anteriores?Não sei. Só sei que estou num ritmo frenético desde 2010 e agora, depois de cinco anos, estou começando – começar é o que conta, não é?! –, começando a aprender a dizer não pra algumas atividades. Percebendo o quanto de tempo realmente consegue ser distribuído e trabalhado. E quantas atividades realmente podem ser realizadas de forma eficaz e eficiente…
Por Samira Florêncio TitoQuando a gentalha chegar Não sei se fujo ou fico,Talvez eu tenha antipatiaTalvez sorria entre amigos e diga:- Não se misturem com a gentalha!O meu dia estava bom, pode a noite melhorar(A noite tem seus mistérios)Encontrará o jardim florido,a casa em ordem,a mesa farta,tudo como sempre foi.Fiz esta paródia inspirada no poema de Manuel Bandeira – Consoada.Sobre a autora:Samira Florêncio Tito nasceu em 9 de abril de 1991. Mora na cidade de Guaratinguetá, no Vale do Paraíba. Está cursando Letras na Fatea – Faculdades Integradas Teresa D´Ávila. A jovem acadêmica adora escrever contos, ficções e poemas. Esse texto é…
Por Lelienne Ferreira Alves Pereira CalazansVazio.Não um vazio escuro, negro, mas sim um vazio branco.Silêncio…Muitos podem não perceber ou pensar sobre, mas um vazio branco é tão assustador, se não pior, que um vazio negro.Vazio branco, onde não se enxerga mais nenhuma das outras cores. Será que estamos girando? No começo desse vazio, sem sentimentos. Nada. Nem um pensamento se quer.Niilismo.Silêncio que incomoda, vira e torce.E então… O caos.O pensamento, a agonia, a euforia, o anseio. O medo de se perder, de voltar ao branco, apesar da cabeça explodindo, isso é melhor que o branco, sempre é.A dor, o riso, o…
Por Gabriela de Aquino CostaQuando Ana passou lá em casa, notei sua expressão cansada e as olheiras cobertas de pó, que insistentemente ela tentou esconder. O olhar estava iluminado por uma sombra prateada que tentava disfarçar o desânimo que seus olhos carregavam. Seu vestido preto marcava sua silhueta graciosamente e não deixava vulgar o quadril bem delineado.- Você está linda, senhorita. – falou, logo que abri a porta.Sorri como de costume, ainda não acostumada com aquela intimidade repentina que surgiu entre nós, desde aquela noite na boate. Ela segurou minha mão enquanto descia as escadas e acompanhou com os olhos…

