Autor: Luciane Molina

Luciane Molina é pedagoga, braillista e pessoa com deficiência visual. Possui pós-graduação em Atendimento Educacional Especializado pela Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) e em Tecnologia, Formação de Professores e Sociedade pela Unifei (Universidade Federal de Itajubá).  Sua trajetória profissional inclui trabalhos com educação inclusiva, ensino do sistema Braille, da tecnologia assistiva, do soroban  e demais recursos para pessoas cegas ou com baixa visão, além de atuar desde 2006 com formação de professores.  Foi vencedora do IV Prêmio Sentidos, em 2011, e do IV Ações Inclusivas, em 2014, ambos pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (SEDPCD-SP). Também é palestrante e co-autora do livro Educação Digital: a tecnologia a favor da inclusão. Atualmente, integra a equipe técnica da Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso de Caraguatatuba (SEPEDI), com ações voltadas para a comunicação inclusiva, políticas públicas para pessoas com deficiência visual e Núcleo de Apoio às Deficiências Sensoriais.

Mariana Prado, 32 anos, quase teve seu sonho de se tornar nutricionista interrompido. Aos 21, enquanto cursava a graduação, sua visão ficou muito comprometida devido a uma retinose pigmentar já diagnosticada anteriormente. Trancou a matrícula na universidade e encarou com empenho o seu processo de reabilitação. Conseguiu, em apenas sete meses, ser alfabetizada pela segunda vez, agora utilizando-se do sistema Braille para ler e escrever. Pouco depois também já dominava a tecnologia assistiva e passou a usar o computador com leitores de tela para acessar a internet, digitar textos e ler documentos. Moradora da cidade de Cachoeira Paulista, Mariana é…

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Enquanto trabalho, passeio ou leio um texto novo, fico buscando enredos e personagens para meus escritos. Cada acontecimento que se converte em história para ser contada, partilhada e projetada na essência do leitor, faz de mim uma espectadora única. Algumas vezes sou parte dessa cena, outras, porém, me revisto da imparcialidade. Confesso que esse distanciamento é muito complexo, principalmente porque o meu olhar tem o foco daquilo que me faz intensa como pessoa e profissional. Hoje o meu relato não será diferente. Quando os meus olhos já não mais alcançavam as palavras impressas no papel, foram minhas mãos que alcançaram…

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As fontes de estimulação visual são as principais responsáveis pela comunicação, que é estabelecida pelo olho humano ao distinguir alterações de forma, claridade, distância, cores, tamanho, entre outros atributos de objetos, figuras, cenários, paisagens, etc. As atividades escolares estão impregnadas de componentes e referências visuais presentes na fala, no material didático, nas metodologias, nas tarefas e nos aspectos da organização do trabalho pedagógico. No caso da pessoa cega, as palavras e o som por si só podem ter pouco sentido ou um sentido deturpado, por causa da comunicação não verbal que acompanha e complementa a fala dos professores ao apresentarem…

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A comunicação inclusiva traz o conceito do empoderamento da pessoa com deficiência por meio do acesso à informação. Esse empoderamento implica ser capaz de decidir e de desempenhar tarefas rotineiras com autonomia. Conhecer é também impregnar de sentido, tornar comum uma ação e partilhar os significados obtidos na interação com o outro, dentro de um grupo social. Uma pessoa com deficiência visual, por exemplo, quando não consegue ter pleno acesso a uma imagem, precisa que outros recursos estejam disponíveis para que a informação seja desvendada pelos outros sentidos. Desvendada como o ato de retirar a venda, tornar visível um conhecimento…

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Um dos momentos mais complicados e desconfortáveis na vida de uma pessoa cega é aquele que envolve dinheiro. Identificar as notas sempre foi algo difícil para quem não pôde contar com a visão. Mesmo após a chegada da segunda geração da moeda oficial brasileira, trazendo novas cédulas com tamanhos diferentes, a identificação tátil ainda induz ao erro se não comparadas entre si. A primeira solução que vem à cabeça é a inserção de caracteres em Braille nas notas. No entanto, é uma saída pouco útil: o Braille sairia com o desgaste. Além disso, o Braille é o meio de leitura…

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Envolver os pais no acompanhamento escolar de qualquer estudante é fundamental, embora não seja um comportamento unânime entre as famílias. Em se tratando de crianças com deficiência, essa participação se torna crucial para o sucesso escolar desses estudantes, minimizando o impacto da exclusão e das incapacidades geradas, principalmente pela falta de estrutura do sistema. Deveria ser uma parceria que trouxesse para dentro da escola as experiências conseguidas no núcleo familiar. Este, por sua vez, precisa incorporar resoluções mais assertivas, aprimoradas no convívio com o outro, na coletividade desde o acolhimento até os avanços acadêmicos dos alunos. Há rotinas interessantes, conseguidas…

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A ausência de uma comunicação inclusiva ainda tem sido o grande obstáculo para que pessoas com deficiência visual tenham acesso à informação e, por consequência, participem com autonomia das atividades ou consumam produtos e serviços sem prejuízos. Impulsionadas pelos dispositivos móveis, empresas de tecnologia tem investido nesse campo e, cada vez mais, colocam no mercado soluções criativas e eficazes para atender públicos com diferentes dificuldades visuais. Há alguns aplicativos muito interessantes, como os identificadores de cédulas, os que trabalham com reconhecimento de cores, de cenas e de objetos. Eles funcionam basicamente através da captura de uma foto pela câmera do…

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A volta às aulas anuncia o momento de planejar o recomeço da rotina escolar, que exige uma série de compromissos e dedicação com o estudo. Dentre as tarefas que antecedem esse retorno, a visita à papelaria não pode ficar de fora. Mas quando falamos das crianças com deficiência visual, a tarefa começa muito antes da compra desses novos materiais. O desafio para a família é conseguir encontrar produtos que substituam os convencionais. Na maioria das vezes, as escolas não preveem adequações de materiais em suas listas e acabam anotando itens que aquela criança com deficiência visual não vai utilizar em…

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