Lorena – a Terra das Palmeiras Imperiais
Uma cidade que iniciou sua história no final do século XVII, com a instalação do “Porto de Guaypacaré”, que surgiu como necessidade de apoio às expedições dos bandeirantes e viajantes, na travessia do rio Paraíba, em busca do ouro nas Minas Gerais. A população começou a surgir junto ao Porto. Desde então, são centenas de anos e uma história fragmentada. Quem pesquisa sobre a história da cidade encontra dificuldades para conhecer suas origens e aprofundar-se em todos os seus aspectos.
Neste sentido, importante registrar o Projeto Retratos do Vale, que sendo realizado pela Fatea (Faculdades Integradas Teresa D´Ávila) e Fundação Olga de Sá há alguns anos. O objetivo é reconhecer, valorizar e divulgar a cultura valeparaibana. O resgate histórico de algumas cidades da região já foi feito.
Em 2015 e 2016, o foco do trabalho é a cidade de Lorena, que terá sua história resgatada, sob os mais diversos ângulos, e registrada para a posteridade.
Enquanto este trabalho não é finalizado, algumas informações fragmentadas para você:
Breve histórico
Conhecida como Terra das Palmeiras Imperiais, Lorena é uma cidade acolhedora, com localização privilegiada, no eixo São Paulo – Rio de Janeiro – Minas Gerais, o que explica seu nascimento como vila. Podemos ouvir no hino de Lorena e em suas histórias a passagem de pessoas importantes, como a princesa Isabel e ilustres moradores: Conde Moreira Lima, Euclides da Cunha, Arnolfo Azevedo, entre outros.
Em 1554, homens determinados caminhavam pelos sertões do interior paulista, em busca de uma mistura de aventura e prosperidade. Era época da cobiça pelo ouro, com destino às Minas Gerais; porém, a jornada não era fácil. Saindo de São Paulo e chegando à região hoje conhecida como Vale do Paraíba, as dificuldades encontradas eram as mais variadas, devido à inexistência de pontos de apoio para as expedições. Para todo lado, era só mata.
Com o objetivo de minimizar essas dificuldades, locais estratégicos foram sendo criados e estruturados, o que facilitava o transporte dos bandeirantes e viajantes que circulavam pela região. Foi nesta época que, pelo desejo e necessidade destes homens de negócios, nasceu o porto de Guaypacaré, um facilitador logístico na travessia do Rio Paraíba.
Guaypacaré, nome indígena tupi guarani, significa “braço ou seio da Lagoa Torta”, em virtude de um braço do rio existente na época. Uma curiosidade é que, pela má compreensão, audição e posterior reprodução da palavra Guaypacaré, o nome original acabou conhecido como Hepacaré que, segundo o Relatório da Província de São Paulo, de Azevedo Marques (1887), significa “lugar das goiabeiras”.
O tempo foi passando e o pequeno local começou a absorver a história de muitas vidas que por aqui chegavam. Estas pessoas não só mais passavam; muitas por aqui ficavam. E assim, no final do século XVII, com as roças de Bento Rodrigues Caldeira, surgiu a denominada Vila Guaypacaré, que logo se tornou “Freguesia de Nossa Senhora da Piedade”.
Em 14 de novembro de 1778, foi elevada oficialmente à Vila, com o nome de Lorena, por Decreto do capitão-general, então governador de São Paulo, Bernardo José de Lorena, mais tarde Conde de Sarzedas. O nome Lorena foi, então, uma homenagem ao governador da época.
Eram os primeiros passos oficiais da terra das Palmeiras Imperiais, que tornou-se cidade em 1856.
Da fundação de uma vila chamada Lorena
Por Olavo Rubens Leonel Ferreira
No ano de 1788, o general Bernardo José de Lorena, governador da Capitania de São Paulo, recebeu um requerimento dos moradores da Freguesia da Piedade, no Vale do Paraíba.
Dizendo ter aumentada a sua população, o seu comércio e a sua importância social, a Freguesia suplica ao governador a sua elevação à condição de vila, emancipando-se de Guaratinguetá, apontando a distância de três léguas entre as duas povoações como um dos fatores de prejuízo àqueles que iam buscar justiça e exercer cargos públicos nessa vila vizinha.
Não tardou muito a resposta do governador: no dia 6 de setembro de 1788, uma Portaria resolveu que a Freguesia da Piedade seria elevada à condição de vila, levantando-se nela um pelourinho. O pelourinho era o símbolo da autonomia de uma vila – ele era um madeiro grosso e oitavado, com quatro argolas de ferro, quatro braços laterais e um cutelo na parte superior. Os escravos fugidos eram costumeiramente presos nas suas argolas e açoitados publicamente.
O que aconteceu em seguida faz parte da história da futura cidade de Lorena.
No dia 13 de novembro, depois de longa viagem, já se encontravam na Freguesia duas personalidades importantes da administração da Capitania: um deles era o dr. Miguel Marcelino Veloso e Gama, desembargador e ouvidor geral e corregedor da Comarca da cidade de São Paulo, provedor das Fazendas dos Defuntos e Ausentes, Capelas e Resíduos, intendente da Real Casa de Fundição e da Polícia, superintendente das Terras e Águas Minerais, etc., etc. O outro enviado do governador Bernardo José, menos ilustre, mas de alguma importância, era o sr. João da Costa Silva, escrivão da Ouvidoria Geral e Correição da cidade de São Paulo.
No dia seguinte, a pequena Freguesia da Piedade passou à condição de vila. O dr. Miguel Marcelino e o sr. João da Costa Silva lá estavam, no lugar onde se ergueria o pelourinho, sacramentando o surgimento de uma nova vila na Capitania de São Paulo.
O nome dela iria ser Lorena, em homenagem ao general Bernardo José, um filho bastardo de D. José I, que pelo Brasil andou exercendo altos cargos, para depois se tornar Vice-Rei da Índia.
Ergueu-se o pelourinho. Os presentes bateram palmas festivas e se fizeram exclamações de contentamento:
– Viva a muito alta e muito poderosa Rainha, Nossa Senhora Dona Maria, a Primeira!
Em seguida, o desembargador e ouvidor geral ordenou que se construísse, no terreno ao lado do pelourinho, a Casa da Câmara e a Cadeia Pública.
No Auto de Ereção (observe-se como os administradores portugueses e os coloniais eram afeitos aos trâmites burocráticos…), assinaram os principais cidadãos da vila, depois das autoridades presentes: Antônio de Araújo Terras, Carlos Galvão de França, Manoel Domingues Salgueiro, Domingos Gonçalves Leal, Risolano Antônio de Morais Oliveira e muitos outros.
Naquele dia 14 de novembro de 1788, em que foi criada a Vila de Lorena, todo o mundo deve ter ido para casa contente. Ouviram-se certamente, nos ares daquela manhã lorenense, os augúrios de dias de felicidade e glória futura para aquela pequena povoação valeparaibana!
Os encantos de Lorena
Por Afonso Peres da Silva Nogueira
A primeira vez que me encantei por Lorena foi através de uma pequena foto, mostrando a maravilhosa praça Dr. Arnolfo Azevedo toda rodeada de altas e esguias palmeiras imperiais. Era jovem e folheava um Almanaque de Aparecida. Quinze anos depois, aqui vim morar. Por quê? Premonição? Talvez! Até hoje, estou vendo aquela foto. Nada mais me restou daquele velho Almanaque…
Aqui morando, vi que, realmente, Lorena tem muitos e belos encantos. Conheci, nos idos de 1960, o lento e preguiçoso Rio Paraíba, com suas águas inchadas, lançando-se sobre as várzeas, encobrindo pastos, regando arrozais, produzindo riquezas. Conheci o rio piscoso onde passava horas e horas a pescar lambaris. Nenhum destes encantos me tocaram verdadeiramente.
Olhava extasiado e petrificado para a Matriz de Nossa Senhora da Piedade. De seu interior, com suas esbeltas colunas e arcos abobadados, belezas romanas do mais fino gosto, elevava minha mente aos céus procurando entender como tão linda obra, como em desprezo, voltava suas costas à própria cidade que a criara. Por quê? Como seria possível engenheiro tão famoso criar tal absurdo?
Foi quando aos céus elevei meus pensamentos e, do cume daquela altíssima torre, avistei ao longe o velho Paraíba, princípio e vida desta terra, as plantações de arroz e, ao longe, bem longe, a Serra da Mantiqueira a emoldurar o futuro. A nos dizer: “ao alto os corações”! Entendi então o passado e também o futuro que, à frente de tão belíssima obra, vaticinava o porvir promissor da “PRINCESA DO VALE”. Princesa pela origem nobre e princesa pelo futuro de fé, educação e cultura, seus maiores encantos. Encantos que a Mãe Natureza não dá, mas cabe ao homem conquistar.
Ali, na belíssima Matriz, estavam, para o encanto da Fé, a lembrança do piedoso e desprendido Conde de Moreira Lima e de sua dedicada Condessa. Cristãos laboriosos que marcharam à frente, legando à Lorena obras belíssimas, como a Matriz da Piedade e o Santuário de São Benedito.
Especial encanto surgia ao lado daquele Santuário: o encantador Colégio São Joaquim. Talvez, este sim, o maior encanto que Lorena jamais veria. Ao abrigo de seus altos muros, muitos e muitos maravilhosos e santos sacerdotes a orientar gerações e gerações de jovens “Dom Bosquinos”, que em revoada ocupariam Fóruns, Hospitais, Câmaras de Comércio, Senadorias e Governos do Norte ao Sul deste imenso Brasil. Por ali, passariam mestres como Pe. Carlos Leôncio da Silva, Pe. Hugo Grecco, Pe. Júlio Comba, Pe. Antônio Lages e uma legião de ex-professores e ex- alunos, todos destaques do mais alto nível nas artes, música, pintura, literatura, filosofia, psicologia, pedagogia, odontologia, medicina, advocacia, engenharia e nas mais diversas áreas do saber.
Dali, surgiriam a Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras; e seu braço feminino com as Filhas de Maria Auxiliadora, à frente do Instituto Santa Teresa. Núcleos que, em parto gêmeo, dariam a brilhante Unisal e a gloriosa Faculdade Teresa D´Ávila. Berços estes dos maiores encantos desta terra “querida, bela e culta”, como sempre dizia nosso jornalista João Bosco Pereira de Oliveira, do glorioso Jornal Guaypacaré. Berço de aves raras, águias e condores, alçando o vôo da glória na conquista dos mais nobres espaços na vida e na cultura brasileira.
Hoje, também nos encantamos com a Escola de Engenharia de Lorena, caçulinha mimada, flor frágil, singela, mas resistente, que após tantos e duros embates, sobrevive gloriosamente na fértil e poderosa USP, nossa cobiçada Universidade de São Paulo. São, certamente, estes os maiores encantos desta terra, onde a Natureza nada economizou. Foi abundante em dotes naturais tanto nas planícies quanto nas serras, nos verdes campos e nos rios volumosos… e muito mais ainda nas inteligências que aqui se uniram para nesta terra sedimentar conhecimentos que jamais perderão seu brilho, sua coloração e sua glória.
Tudo quanto vive, cresce e sofre também, estará sujeito a momentos de glória, riqueza e dores. Haverá momentos para a alegria, o prazer e as mais diversas provações. Por tudo isso, passa e passará Lorena. Seus encantos, porém, jamais hão de passar. Estão alicerçados nos dons criativos de Deus, na fé, na educação e no amor. Elementos que, mesmo quando corroídos, têm qualidades de uma fênix e reviverão sempre se autorrecuperando.
Lorena, teus encantos não são passageiros, como a flor, bela e fugaz, que abre pela manhã e à noite fenece, mas em princípios perenes de fé, que provêm do próprio Deus, dos Seus Ensinamentos e do fruto das inteligências que, ao longo da História, por aqui passaram, colorindo-te com os frutos do trabalho, da educação e do amor. Tuas maiores belezas são eternas…
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