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COLUNISTAS / O saber acontece

Provocações

22/04/2015

Saberes jurídicos são imprescindíveis em época em que está acontecendo uma evidente e ampla judicialização da política. A coluna da colega Marina de Almeida ( javascript:nicTemp(); ) trata desses aspectos, sob vários pontos de vista. Longe de ser uma ciência exata, mas incomoda quando a conclusão sobre alguma disputa recai exclusivamente sobre a vontade do juiz. No âmbito, por exemplo, das questões ambientais, deveria valer aquilo de conhecimento que existe, mas quando os proponentes de uma termelétrica que pretendem instalar em Canas apresentam como justificativa para a dispersão dos gases tóxicos a inexistência da Serra da Mantiqueira, pode-se concluir que apesar do poder, falta-lhe discernimento. E juízes têm acatado esse tipo de argumento.
Os saberes culturais, por mais dispersos e até conflitantes, são a base de nossa formação pessoal, antes mesmo de qualquer formalismo de aprendizagem. Porém, em 1990 quando era professor em uma escola pública noturna de ensino médio (então rotulado como segundo grau) na periferia de Campinas, ouvi de um professor de História a indignação de um aluno que argumentava – ou assim pretendia – sobre a cultura dos índios. O professor vociferava: e índio tem cultura? Meu amigo e colega acadêmico Daniel Munduruku poderia escrever crônicas e lindos pensamentos sobre o assunto, como já o fez. E estávamos já em período de democracia, o regime militar deposto.
Na saúde não é diferente, com polêmicas atuais sobre as vacinas. Pesquisadores do Instituto Butantã em São Paulo já haviam constatado que uma vacina contra a dengue demoraria alguns anos e que não era prioridade, pois sua taxa de mortalidade não se compara com um ebola, por exemplo. Além do quê, ações preventivas são (ou deveriam ser) suficientes para um controle da epidemia. No entanto, o governador prefere fazer palanque a forçar a população a tomar atitudes condizentes com a opção urbana de convivência e vem a público afirmar que haverá a vacina. Com os empregos ameaçados, outros pesquisadores se resignaram e endossaram o discurso oficial: testes com a vacina contra a dengue em humanos estão em andamento.
Como diz o título, provocações que me fazem e que faço aos outros.

COLUNISTAS / Adilson Gonçalves

Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.


priadi@uol.com.br

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