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COLUNISTAS / Maria Luiza

Partiu dona Jô (Georgette Juliette Manzara Schnyder)

26/06/2015

Dona Jô, como era conhecida, morou aqui na Oswaldo Aranha, em frente à nossa casa, por trinta anos. Morava com sua filha Inez (que eu chamo de Inezinha), conhecida em toda Lorena pelo seu trabalho no Yázigi, como também em obras sociais como no S.O.S. (Serviço de Obras Sociais), onde é presidente, e sua bonita família de jovens.
Dona Jô foi um presente que Lorena recebeu da Europa: Suíça, onde nasceu em Lausanne, em 30 de dezembro de 1917, e da Itália, onde casou-se em 1949 com o italiano Filiberto Manzara, adquirindo assim a cidadania italiana. Durante a II Guerra, interrompeu seus estudos universitários na Universidade de Roma, onde conheceu seu futuro esposo. Filiberto foi lutar na guerra e sua esposa Georgette (a nossa dona Jô) foi trabalhar no departamento de refugiados de guerra da Cruz Vermelha, em Genebra, na Suíça.
Devido aos problemas ocasionados pela guerra, muitos italianos, entre eles dona Jô e seu esposo, resolveram vir para o Brasil, onde chegaram no porto de Santos no dia 15 de setembro de 1953, trazendo na bagagem (diz a Inezinha) os sonhos e a coragem para iniciar uma vida nova. Em 1954, chegou a Inezinha, “para alegrar a família, que a cada dia que passava se sentia mais brasileira”.
Filiberto Manzara, esposo de Dona Jô, trabalhava no cultivo de madeiras para a fabricação de móveis, sua especialidade. Assim, a família achou na região de Cunha e Paraitinga, no Vale do Paraíba, um lugar adequado para morar e trabalhar. E Dona Jô começou a lecionar línguas nos colégios da região.
Conta Inezinha que, como bom italiano, seu pai divertia-se jogando e ensinando vários meninos e jovens a jogarem futebol, mas, infelizmente, na casa dos 50 anos, portanto ainda moço, faleceu.
Primeiro, Inezinha veio para Lorena a fim de completar seus estudos no Instituto Santa Teresa, morando em uma pensão. E em 1968, Dona Jô, viúva, mudou-se também para Lorena. E Inezinha, depois dos estudos, conheceu e casou-se com o engenheiro de petróleo Christian Pierre de Mello Pinta, com quem teve os filhos Bruno, Flávia e Fabíola que, casados, já deram para Inezinha e Dona Jô os netos e bisnetos: Stella e Alexandre (da Flávia), Pedro Henrique e Laura (da Fabíola), Gabriel e Giovanna (do Bruno).
A família da Inezinha desde o início foi enriquecida com a presença de Dona Jô, que viu netos e bisnetos nascerem e crescerem a seu lado. E as duas, especialistas em línguas, começaram a trabalhar como Pe. Mário (também especialista em línguas) e assim fundaram o conhecido curso de idiomas Yázigi que, no início, funcionou no Colégio São Joaquim. E dona Jô, com sua filha e sua neta Fabíola, prepararam muitos jovens, principalmente para o vestibular e para o trabalho, lecionando as línguas pedidas nos exames. Dona Jô trabalhou durante muitos anos, conhecida e estimada por todos até se aposentar e ver o seu trabalho, o estudo dos idiomas, continuando e progredindo com sua família à frente.
Fazia tempo que Dona Jô não saía de casa. Daqui, da minha janela, eu a via sentada, bem acomodada e serena, em sua cadeira de rodas no jardim da sua ampla e bela casa (também de sua filha). Dona Jô deixa sua família, nos deixa, deixa Lorena, aos 97 anos. Vida longa (por enquanto para poucos), vida realizada que abraçou transmitir os ensinamentos milenares da cultura europeia e os da nossa cultura.
Dona Jô deixa ensinamentos e saudade para todos nós. Que lá do Céu, rogue por nós. Amém!

COLUNISTAS / Maria Luiza Reis

Maria Luiza Reis Pereira Baptista é diretora de escola aposentada, membro da Academia de Letras de Lorena, da qual é sócia fundadora. Membro do IEV (Instituto de Estudos Valeparaibanos) e autora do livro de poemas “Chuva Doce”. Foi colunista do Jornal Guaypacaré durante mais de dez anos, tendo escrito mais de 400 crônicas.

 


baptista@demar.eel.usp.br

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