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COLUNISTAS / Perai, vem cá

Corpo sem alma, alma sem corpo

10/09/2015

Por Lelienne Ferreira A. P. Calazans
Acordei em um lugar diferente de onde eu dormi. Não era o meu quarto, não era a minha cama. O que aconteceu? Onde estou?
Era um local bonito, tinha móveis bem limpos e arrumados, diferente do meu quarto, onde é tudo bagunçado. O que estou fazendo aqui? Não me lembro de ter ido a nenhuma festa, ou de ter bebido…
Levanto meio zonzo, cambaleio para fora do quarto. Um corredor escuro e desconhecido se forma na minha frente. Está de noite. Quando minha visão se acostuma com a escuridão, ando vacilante, pelo corredor. Chego à primeira porta… Puxo a maçaneta… 
Trancada.
Vou para a porta do outro lado. Esta estava destrancada. Abro lentamente uma fresta… Escuridão. Abro mais um pouco… Silêncio. Mais um pouquinho… Mais ainda… Vejo a silhueta dos móveis. Uma grande TV, dois sofás, um mesa no centro. Parece uma bela sala, mas não a reconheci.
Fechei a porta, silenciosamente, e voltei a andar pelo corredor tentando achar uma pista do que estava fazendo ali. Mais à frente vejo um feixe de luz saindo de baixo da porta, uma luminosidade azulada e fraca. Chego perto. Coloco o ouvido na madeira…
Ouço um pequeno ruído.
Coloco a mão na fechadura e a puxo com cautela. 
O cômodo era um quarto muito semelhante ao que eu acordei. Mas tinha um garotinho mexendo no computador. Quando ele percebeu, assustado, que estava sendo observado, soltou um xingamento baixo.
— Você me assustou! — Sussurra baixo e bravo — Achei que fosse a mamãe…
Não sabia quem ele era ou do que estava falando. Minha cabeça dava voltas com toda a confusão.
— Sai daqui! Vai encher o saco de outro! 
Sem o que responder, saí do quarto e prossegui no corredor. A próxima também estava aberta; mesmo na escuridão, percebi que era um pequeno banheiro. Entrei e fechei a porta. Apoiei-me na pia de mármore gelada. Fiquei assim alguns minutos. Dor de cabeça. Liguei a torneira e deixei a água fria escorrer pelas mãos e passei-as no rosto. Levantei a cabeça. Havia um espelho em frente.
Assustado, liguei a luz através do interruptor ao lado. Vi melhor o meu reflexo no espelho. Alto, magro, pálido, olhos e cabelos negros. Tirando a expressão de pavor, tinha uma aparência bem normal… O único problema era que não eram minhas feições. Não era o meu corpo.
Sobre a autora: 
Lelienne Ferreira A. P. Calazans tem 18 anos, nasceu em Lorena. É técnica em Química, formada no Cotel, caloura no curso de Farmácia e possui uma sede insaciável de aprender coisas novas, o que a torna um ser muito curioso. Delicada e tímida são características que constantemente a descrevem, mas não se julga um livro pela capa. Ama ler, chocolate, viajar, sair com a família e com os amigos.
Esse texto é de exclusiva responsabilidade do autor. A AJLL não se responsabiliza pelas possíveis opiniões aqui apresentadas. Respeitamos a criação literária de cada autor, difundindo linguagem literária de linguagem gramatical, em textos que julga ser necessário

COLUNISTAS / Academia Jovem de Letras

Espaço reservado às produções dos acadêmicos da Academia Jovem de Letras de Lorena.  Membros da AJLL: Beatriz Neves, Camila Loricchio, Danilo Passos, Gabriela Costa, Gustavo Alves, Gustavo Diaz, Heron Santiago, Isnaldi Souza, Jéssica Carvalho, João Palhuca, Julia Pinheiro, Lelienne Ferreira, Lucca Ferri, Samira Tito, Thiago Oliveira, Vânia Alves e Wagner Ribeiro.


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