Por Lelienne Ferreira A. P. Calazans
Acordei em um lugar diferente de onde eu dormi. Não era o meu quarto, não era a minha cama. O que aconteceu? Onde estou?
Era um local bonito, tinha móveis bem limpos e arrumados, diferente do meu quarto, onde é tudo bagunçado. O que estou fazendo aqui? Não me lembro de ter ido a nenhuma festa, ou de ter bebido…
Levanto meio zonzo, cambaleio para fora do quarto. Um corredor escuro e desconhecido se forma na minha frente. Está de noite. Quando minha visão se acostuma com a escuridão, ando vacilante, pelo corredor. Chego à primeira porta… Puxo a maçaneta…
Trancada.
Vou para a porta do outro lado. Esta estava destrancada. Abro lentamente uma fresta… Escuridão. Abro mais um pouco… Silêncio. Mais um pouquinho… Mais ainda… Vejo a silhueta dos móveis. Uma grande TV, dois sofás, um mesa no centro. Parece uma bela sala, mas não a reconheci.
Fechei a porta, silenciosamente, e voltei a andar pelo corredor tentando achar uma pista do que estava fazendo ali. Mais à frente vejo um feixe de luz saindo de baixo da porta, uma luminosidade azulada e fraca. Chego perto. Coloco o ouvido na madeira…
Ouço um pequeno ruído.
Coloco a mão na fechadura e a puxo com cautela.
O cômodo era um quarto muito semelhante ao que eu acordei. Mas tinha um garotinho mexendo no computador. Quando ele percebeu, assustado, que estava sendo observado, soltou um xingamento baixo.
— Você me assustou! — Sussurra baixo e bravo — Achei que fosse a mamãe…
Não sabia quem ele era ou do que estava falando. Minha cabeça dava voltas com toda a confusão.
— Sai daqui! Vai encher o saco de outro!
Sem o que responder, saí do quarto e prossegui no corredor. A próxima também estava aberta; mesmo na escuridão, percebi que era um pequeno banheiro. Entrei e fechei a porta. Apoiei-me na pia de mármore gelada. Fiquei assim alguns minutos. Dor de cabeça. Liguei a torneira e deixei a água fria escorrer pelas mãos e passei-as no rosto. Levantei a cabeça. Havia um espelho em frente.
Assustado, liguei a luz através do interruptor ao lado. Vi melhor o meu reflexo no espelho. Alto, magro, pálido, olhos e cabelos negros. Tirando a expressão de pavor, tinha uma aparência bem normal… O único problema era que não eram minhas feições. Não era o meu corpo.
Sobre a autora:
Lelienne Ferreira A. P. Calazans tem 18 anos, nasceu em Lorena. É técnica em Química, formada no Cotel, caloura no curso de Farmácia e possui uma sede insaciável de aprender coisas novas, o que a torna um ser muito curioso. Delicada e tímida são características que constantemente a descrevem, mas não se julga um livro pela capa. Ama ler, chocolate, viajar, sair com a família e com os amigos.
Esse texto é de exclusiva responsabilidade do autor. A AJLL não se responsabiliza pelas possíveis opiniões aqui apresentadas. Respeitamos a criação literária de cada autor, difundindo linguagem literária de linguagem gramatical, em textos que julga ser necessário