O ano é novo, mas o tema é antigo. Anos vão se passando e cresce o número de policiais mortos em todo o Brasil.
Passada apenas uma quinzena de 2016, já são mais de 10 policiais mortos, entre civis e militares, somente no Estado de São Paulo.
Quanto custa um policial no Brasil? Milhões são gastos em concursos públicos para a contratação de policiais. Outros milhões são gastos em cursos de formação, acessórios, armamentos e viaturas. Cada vez que um policial é morto, o Estado perde, a Polícia perde, a sociedade perde, a família perde.
Não podemos esquecer que, antes do policial ser policial, ele é ser humano, tem vida como todos os outros seres humanos, é avô, é avó, é pai, é mãe, é filho, tem família… E cada vez que um policial perde sua vida, toda uma família perde junto.
Mas e daí? Quem se importa?
Não bastasse a ousadia do indivíduo que traiçoeiramente o matou, muitos outros, igualmente ousados, afrontam a família do policial vitimado, afrontam os quase cento e trinta mil policiais do Estado de São Paulo e afrontam a justiça e todo cidadão de bem, ao postar em suas páginas nas redes sociais, mensagens fazendo apologia a essa ação covarde e criminosa, zombando de um pai de família que foi morto, simplesmente porque tinha como missão defender a sociedade que lhe dá as costas e não se compadece. Fazem isso porque nada temem.
Pela omissão do cidadão de bem, a bandidagem se prolifera. Pelo amor ao dinheiro, muitos daqueles que atuam na mídia e formam opinião, fazem com que a marginalidade torne-se vítima, enquanto que aqueles que combatem em cumprimento à lei, são hostilizados e marginalizados.
O paradoxo de tudo isso é que aqueles que – pelo dinheiro, pelo poder e pela omissão – se mantêm inertes diante desse caos, se esquecem que também eles, seus filhos, parentes e amigos são vítimas em potencial dessa violência que se agiganta. Cada vez mais viverão enclausurados em suas casas, em seus carros blindados, em seus condomínios e em qualquer local que lhes representem segurança, mas que no fundo, não podem protegê-los.
Infelizmente, na noite do último dia 10, perdemos um colega da Divisão de Homicídios, DHPP de São Paulo, de uma forma estúpida e covarde, após um acidente de trânsito envolvendo seu filho, que também foi morto pelos bandidos. (http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2016-01-11/policial-e-filho-sao-mortos-apos-briga-de-transito-terminar-em-tiroteio-em-sp.html).
Já na madrugada do dia 14, o delegado dr. José Antonio do Nascimento foi morto numa tentativa de assalto quando seguia para sua casa, após deixar o trabalho na capital paulista. (http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/01/delegado-da-policia-civil-e-morto-tiros-na-divisa-entre-sp-e-abc.html).
Outros policiais militares também foram alvos de bandidos nessa mesma semana, uns apenas baleados, outros vindos a perder a vida.
CHEGA!!! Está na hora de dar um BASTA!!!
Segundo levantamento feito em 2012, o Brasil perde um policial a cada 32 horas. (http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2012/10/31/brasil-tem-um-policial-morto-a-cada-32-horas.jhtm)
O que estamos esperando? O que a sociedade espera?
Aproveito a oportunidade e deixo minha homenagem aos colegas mortos, agente policial Aparecido José do Nascimento, dr. José Antonio do Nascimento e outros tantos policiais…
Homenagem a todos os policiais que despendem do aconchego do lar, das noites de sono, do convívio com a família, em prol de uma causa ainda desconhecida de um povo, mas que está gravada na alma de cada um que exerce essa atividade:
“Vamos para as ruas sem saber se voltaremos; estamos mais presentes na sua vida do que você imagina, muito embora você não tenha esse entendimento, vou te contar um segredo:
– por detrás de cada policial, há uma vida.
E como dói quando um colega parte. É como se parte nossa morresse junto. Pois o senso de justiça que corria nas veias dele, é o mesmo que corre nas minhas.
Entretanto, por mais que o risco de morte corra ao nosso lado, nossa causa será defendida, pois apesar de o reconhecimento da sociedade inexistir, sabemos que dela também fazemos parte. E somos peça fundamental para que, mesmo em um mundo de extrema violência, a paz prevaleça”.
Talvez um dia, quando o caos se instalar por completo, é provável que as pessoas percebam o quanto o nosso serviço era necessário, o quanto lutamos por cada pessoa de bem; e o quanto elas foram injustas com muitos de nós, nos criticando, difamando, caluniando.
Talvez um dia, as pessoas entendam que o que a imprensa distorcia e transmitia eram “teorias” de quem nunca viveu a realidade e que, no conforto de um estúdio, achavam saber mais que nós, que vivemos a realidade nua e crua a cada dia de serviço.
Talvez um dia entendam que é muito fácil julgar durante horas (e com direito a replay) o que uma pessoa tem que decidir em menos de um segundo. (Texto de homenagem Arquitetando a sabedoria).
“NÃO ME PERGUNTE POR QUE ESCOLHI SER POLICIAL, POIS NÃO SE ESCOLHE O TIPO DE SANGUE QUE CORRE NAS VEIAS”.