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COLUNISTAS / O saber acontece

Um misto de expectativas

25/02/2016

Perguntei aos alunos de cursos técnicos qual a importância que veem em aprender química. Os que fazem o técnico em Mecânica associam-na com as propriedades dos materiais; os de Informática, um pouco com a energia necessária para funcionar o computador; mas os de Automação alegam que pouco conhecem de seu próprio curso e não fazem correlações com a ciência que estuda a matéria e suas transformações.

Convém informar que se tratam de alunos de um Instituto Federal, provenientes, em sua maioria, da escola pública e com idades entre 14 e 16 anos.

Minhas expectativas com eles é mostrar a importância do que estudamos nas aulas e não apenas que é uma disciplina obrigatória dentro do elenco do Ensino Médio, uma vez que é um curso técnico integrado. E também não é porque cairá no vestibular…

Já integrado com as questões ambientais de minha instituição, com projeto de extensão aprovado, participei, como todos os funcionários federais, do mutirão contra a zika e microcefalia no dia 19 de fevereiro. Uma escola da periferia metropolitana da região de Campinas foi a escolhida e alunos do Ensino Fundamental II ouviram considerações minhas para o combate ao mosquito Aedes aegypti. Curioso constatar que poucos conheciam o inseto e o tinham visto, mas ao menos um terço deles já teve dengue ou conhece alguém que contraiu a doença. Não é tarefa simples manter a atenção de alunos com perspectiva social limitada, ainda que com forte indução por parte de seus professores e dos gestores da escola e do sistema educacional do município.

Queremos viver melhor, dentro do conceito de bem-estar. Vacinas são desenvolvidas, mas podem esconder problemas primários de saneamento básico, que é a fonte principal do desenvolvimento da dengue, da chikungunya e da zika. Nesse ínterim, minha gota continua agindo, inspirando o poema no site da CULT, mas a dor permanece. Antiinflamatório é paliativo, esperando o tempo, o senhor da solução de todos os problemas.

COLUNISTAS / Adilson Gonçalves

Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.


priadi@uol.com.br

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