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O Supermercado Ballerini

18/12/2016

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É interessante a gente ver como alguns comerciantes lorenenses mudaram a sua atividade comercial através dos anos. É o caso, por exemplo, do Pissanga, que durante muitos anos foi dono do “Líder Bar”, ao lado do “Nosso Cinema”, na Praça Principal da cidade. Tempos depois, ele resolveu, com muito sucesso, estabelecer-se como dono de restaurante, ali mesmo na Praça Dr. Arnolfo, debaixo da residência do seu Antero, e depois na rua Manuel Prudente, onde está até hoje.

Outro comerciante da Praça era o seu Dante Ballerini, querido amigo da minha família. Pois o seu Dante foi proprietário, por muito tempo, de um bar e restaurante na Praça, perto do cinema. O Bar e Restaurante “O Ponto” tornou-se um lugar de encontro da sociedade lorenense, de onde saía, nas madrugadas, o Cometa para São Paulo, com o Ildo ao volante. Lembro-me bem dali; num canto, a gente via um grupo cativo jogando xadrez, onde sobressaía-se o Pedro de Aquino, irmão do seu Carlos Aquino, pai da Helena, minha cunhada. Em outras mesas, sentavam-se os meus amigos Ariovaldo, Maneco, José Roberto Rabelo, Coura, Omar e outros…

Anos depois, o seu Dante construiu, no espaço que compreendia o seu ponto de comércio, um prédio de apartamentos na esquina com a Duque de Caxias, onde moravam, um em cada apartamento, ele e os seus filhos. Debaixo desse prédio, ele construiu um moderno supermercado.

Um parênteses: eu ia me esquecendo que, antes disso, o seu Dante já tivera um supermercado na rua Duque de Caxias, perto da casa da dona Elza Del Mônaco.

Eu não contabilizei os muitos anos que o Supermercado Ballerini funcionou na Praça. Mas ele se firmou como um estabelecimento-padrão na cidade, conhecido pela qualidade, limpeza e eficiência da sua administração.

Falecido o seu Dante, o supermercado passou a ser gerido pelo seu filho, o meu estimado amigo Dantinho, e atravessou dezenas de anos prestando bons serviços à população. E um dado curioso: apesar de moderno, esse estabelecimento era um ponto de encontro da sociedade lorenense, como o fora o antigo bar e restaurante da família. O Dantinho, grande contador de casos, estava sempre ali, com a sua mulher, a nossa amiga Ilka, e filhas, mantendo um profundo contato social com a população urbana. No supermercado, teve, por muito anos, uma loja de presentes e roupas no mezzanino; em outros momentos, ela e as suas meninas estavam sempre junto com o Dantinho à frente do negócio, ajudando, inclusive, na atividade dos caixas.

Hoje, parece que o Dantinho resolveu cumprir um antigo compromisso de, no futuro, fechar o seu ponto comercial e viver uma nova vida de aposentado.

E faz muito bem, pois era hora de ele dedicar-se unicamente à sua vida particular, voltar-se unicamente para o convívio familiar…

Contudo, quem – como eu – hoje passa por ali, sente um certo aperto no peito – para onde está indo parar aquela nossa Lorena de ontem, da qual o supermercado fazia parte?

É preciso que caiamos em nós mesmos: estamos também mudando, como a nossa cidade. Como ela, nós encerramos ciclos de convivência inesquecíveis; como ela, nós caminhamos para um futuro onde transitam novos personagens e aparecem novas paisagens urbanas.

Como Lorena, nós convivemos com o novo que não parece ser, convenhamos, melhor do que os dias de ontem…

COLUNISTAS / Olavo Rubens

Olavo Rubens Leonel Ferreira é formado em Direito, Ciências Sociais e Pegagogia. É mestre em Educação. Lecionou na Universidade de Taubaté, na Faculdade de Direito de Lorena, nas Faculdades Integradas de Cruzeiro, nas Faculdades Teresa D´Ávila de Lorena e no Anglo Vestibulares. Escreve muito; tem uma meia dúzia de livros publicados e a maior parte do que produziu ainda é inédita. Durante alguns anos publicou crônicas sobre Lorena no saudoso Guaypacaré, dos seus amigos João Bosco e Carolina. Mora em São Paulo.


olavo.rubens@hotmail.com

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