Autor: Olavo Rubens

Olavo Rubens Leonel Ferreira é formado em Direito, Ciências Sociais e Pegagogia. É mestre em Educação. Lecionou na Universidade de Taubaté, na Faculdade de Direito de Lorena, nas Faculdades Integradas de Cruzeiro, nas Faculdades Teresa D´Ávila de Lorena e no Anglo Vestibulares. Escreve muito; tem uma meia dúzia de livros publicados e a maior parte do que produziu ainda é inédita. Durante alguns anos publicou crônicas sobre Lorena no saudoso Guaypacaré, dos seus amigos João Bosco e Carolina. Mora em São Paulo.
Quando eu cheguei a Lorena, em meados da década de 50 do século passado, o Ricardo Hegedus tinha um estúdio fotográfico na rua Comendador Custódio Vieira, na altura dos fundos da casa da dona Zizinha Albano. Na época, nós já conhecíamos o Ricardo e mamãe costumeiramente levava filmes para serem ali revelados. Por razões que desconheço, esse nosso amigo húngaro desfez-se da sua loja de fotografias e em seu lugar se instalou, no denominado “Foto Colúmbia”, um fotógrafo japonês, um certo senhor Giichi, casado com a dona Yoi e pai da Shizume e do Luiz Koji, amigo do Augusto Olavo…
1949 foi um ano de mudanças radicais para as professoras do Grupo Escolar Gabriel Prestes. Como o prédio da escola estava precisando de uma reforma, suas aulas foram transferidas para o velho Grupo Escolar Conde Moreira Lima, no final da rua Dr. Rodrigues de Azevedo, trazendo transtornos para a direção, corpo docente e alunos. Dirigia a escola o professor Joaquim Ferreira Pedro, irmão do professor Alexandre, também diretor de escola. As professoras respeitavam e temiam o seu diretor: corpulento, sempre de terno ou usando camisas compridas, o professor Joaquim era a circunspecção em pessoa. As professoras substitutas, como a Rosa…
Ali estava dona Vera Molinari contando para o filho Ércio, que gostava de colecionar fotos da Lorena antiga, as histórias da sua meninice. Ela já era bastante idosa, mas nunca se esquecia de um tempo em que era apenas uma menina de uns doze anos e morava numa daquelas casas velhas da rua onde se ergue a Escola do Patrocínio de São José. Corria a década de 20. Ela e sua amiga “Maria Coruja” gostavam muito de brincar na Praça da Matriz, onde se erguia, imponente, o casarão onde morava o dr. Arnolfo Rodrigues de Azevedo. – Parece que foi…
Lorena, dezembro de 1951. Esse foi um ano cheio de acontecimentos significativos nesta cidade provinciana. Uma grande coligação de partidos – o PSP, PTB, PTN, UDN e PR – lançou o advogado João Pinto Antunes para prefeito, mas quem acabou mesmo vencendo as eleições foi o José Roberto Ayrosa Rangel. Candidatos à vereança? Foram muitos! Entre eles, Dante Ballerini, Antônio Zanin, Nelson Barroso, Antônio Marcondes Romeiro, Clóvis Barbosa de Faria, mas nem todos se elegendo. No Conservatório Municipal da cidade, solenemente inaugurado no dia 15 de março, o maestro João Evangelista começou a ensinar os seus alunos, marcando os compassos…
– Como é, hoje tem baile em sua casa? Aquele bancário que as moças encontraram na rua era o seu Nosor. Até hoje eu me pergunto de onde os pais desse personagem tiraram o seu nome – será que eles leram a história da Mesopotâmia e souberam daquele rei Nabucodonosor, que morreu louco e comendo grama? Ou Nosor não era um simples apelido que lhe deram na escola? Ora, o que nos interessa aqui é que o seu Nosor morava na rua Manoel Prudente e era pai da Neusa. E que, quando lhe perguntavam sobre os bailinhos que realizava em…
Foi nas primeiras horas da manhã de 15 de outubro de 1949. Alguém disse que os panfletos foram espalhados pela cidade, principalmente na rua Dr. Rodrigues de Azevedo, por um motorista bêbado guiando um Studbaker 48; outros afirmam sem pestanejar que foi o dono de um Austin preto, famoso por suas traquinagens urbanas, quem arremessou tais papéis pelas ruas. Mas o fato é que Lorena amanheceu com as suas vias públicas cobertas por um panfleto que dizia o seguinte: MOCIDADE LORENENSE! Pomposo baile será realizado hoje, no qual será coroada a Rainha da Primavera e homenageadas as Princesas. Segundo comentário…
Há 125 anos, nesta cidade de Lorena, aqui perto da estação de ferro, no lugar deste clube de recreação, existiu uma grande fábrica urbana. Nela, milhares de litros de melado e espuma manchavam as bordas de enormes tanques subterrâneos; a aguardente dormia em tonéis de carvalho; num depósito de alvenaria de tijolo e coberto de ferro e zinco somavam-se 140 pipas de álcool e as sacas de açúcar, empilhadas num depósito com vigamento de graúna e soalho de peroba, adocicavam o ar das tardes lorenenses. Um terno de moendas “Brissonneau” de oito cilindros esmagava milhares de quilos de cana-de-açúcar por…
Existe uma árvore copada no jardim da praça Dr. Arnolfo Azevedo que fica bem defronte ao Clube Comercial de Lorena. Ela produz frutos estranho e duros – umas bolas verdes que caem sobre as nossas cabeças e põem em risco o nosso bestunto. À volta dessa árvore, construiu-se um banco que vive cheio de adolescentes da classe média urbana; eles nada mais fazem senão vadiar por ali e ficar falando da vida alheia e dos últimos bailes e brincadeiras do Clube. Aí estão alguns deles: o Wilson Branco, o Nei Boca Negra, o Judimir, o Sérgio Mauro, o Caio Octávio…