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Uma grande fábrica urbana em Lorena

26/12/2016

Há 125 anos, nesta cidade de Lorena, aqui perto da estação de ferro, no lugar deste clube de recreação, existiu uma grande fábrica urbana.

Nela, milhares de litros de melado e espuma manchavam as bordas de enormes tanques subterrâneos; a aguardente dormia em tonéis de carvalho; num depósito de alvenaria de tijolo e coberto de ferro e zinco somavam-se 140 pipas de álcool e as sacas de açúcar, empilhadas num depósito com vigamento de graúna e soalho de peroba, adocicavam o ar das tardes lorenenses.

Um terno de moendas “Brissonneau” de oito cilindros esmagava milhares de quilos de cana-de-açúcar por dia, movimentado por uma máquina a vapor de oitenta cavalos; mais adiante, funcionavam um colorizador de caldo, um aparelho de gás sulfuroso, defecadores, filtros, injetores, decantadores, clarificadores de espuma, turbinas, hélices, bombas de ar e a vapor, caldeiras, um tríplice efeito, aparelhos destilatórios e de retificação, uma bomba aspiradora do xarope, aparelhos de vácuo…

O estrídulo das engrenagens que arfavam sob o impulso do vapor, o espoucar dos motores, as hastes de cana estalando nas moendas, abafavam as vozes dos operários.

E o barulho dessas máquinas, na época das colheitas, avançava noite adentro, sob a iluminação trêmula e indecisa de setenta e duas lâmpadas marca Edson e duas de arco voltaico.

Há 125 anos, neste mesmo lugar onde um dia se ergueu a Subsistência do Exército e, depois, o Clube Comercial, existiu o Engenho Central de Lorena. Este pequeno portão azul que se vê na entrada do Clube é hoje a única e muda testemunha das suas edificações. Nele, está inscrita uma data: 1884.

COLUNISTAS / Olavo Rubens

Olavo Rubens Leonel Ferreira é formado em Direito, Ciências Sociais e Pegagogia. É mestre em Educação. Lecionou na Universidade de Taubaté, na Faculdade de Direito de Lorena, nas Faculdades Integradas de Cruzeiro, nas Faculdades Teresa D´Ávila de Lorena e no Anglo Vestibulares. Escreve muito; tem uma meia dúzia de livros publicados e a maior parte do que produziu ainda é inédita. Durante alguns anos publicou crônicas sobre Lorena no saudoso Guaypacaré, dos seus amigos João Bosco e Carolina. Mora em São Paulo.


olavo.rubens@hotmail.com

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