É de conhecimento geral que eu também trabalho em uma escola de idiomas. Sempre conciliei o ofício de jornalista ao de professor. Já lecionei muitas disciplinas, mas ensinar inglês é o que eu faço há mais tempo. E neste meio linguístico, a gente afina a audição aprendendo expressões pitorescas – muitas vezes – peculiares a este ou aquele lugar.
Dizem que eu falo bastante a palavra “meu”. É que na cidade onde nasci, o pronome possessivo “meu” é também usado como pronome de tratamento.
Por aqui, eu ouço “seu”. Curiosamente, trata-se também de um pronome possessivo transformado em de tratamento. Já fui chamado de “seu” por pessoas que não sabiam o meu nome. É como se estivessem abreviando “seu José” para simplesmente “seu”. É o meu primeiro exemplo de lorenês de que me recordo.
Tem mais. A palavra “chique”, em Lorena, tem inúmeras colocações. Significa “tudo bem?” (na pergunta), “tudo bem” (na resposta), “elegante”, “combinado”, “certo”…
Na verdade, a conotação dada ao verbete por aqui aponta para uma resposta positiva. “Chique”, neste caso, é lorenês.
E quando a pessoa é surpreendida? Em São Paulo, capital, fala-se “caramba”. Traduzindo para o lorenês: “xé”. Se a surpresa for grande, “xé” muda para “xééééé”.
“Fulano não levanta da cama. Xé, é capaz de estar com depressão”.
Confesso que, inicialmente, eu achei todas estas expressões muito estranhas. Hoje, falo-as naturalmente, tamanha a identificação com os lorenenses. Já tenho até título de cidadão lorenense.
Não gosto de ir à capital e penso que metrópoles como São Paulo não são nada chiques. A sensação de insegurança lá é demasiada e, quando se menos espera, aparece um ladrão para estragar o passeio. Xé…
É isso, seu. Até a próxima semana!