Era um sobrado realmente original aquele de número 213 da rua Dr. Rodrigues de Azevedo, em Lorena.
Nos meus tempos de moço, ele era pintado de azul forte, as janelas emolduradas de branco.
Na parte de cima, nesse prédio funcionou, nos primeiros tempos, a Associação dos Sargentos do Exército. Embaixo, nele estabeleceu-se a farmácia do Bilu, a mais tradicional da cidade.
Anos mais tarde, lá estava o sobrado, ainda vestido na sua tinta azul, abrigando duas firmas comerciais – nas duas portas à direita, via-se o Bazar Rejan, uma esplêndida loja de variedades, repleta de artigos que iam de presentes a utilidades domésticas, administrada pela dona Rejan e seu marido; ela era uma pessoa simpatissíssima e acolhedora que ali pontificou por decênios de atividade comercial. À esquerda, ocupando somente uma porta, estabelecia-se a “Casa Pontes”. Nela, comerciava o seu Pontes, um senhor baixo e atarracado, com uma basta cabeleiraruiva.
Na Casa Pontes vendia-se diversos artigos de umbanda e fogos de artifício. Entre os fogos, havia busca-pés, cabeças de “nego” (hoje fogos afro-descendentes…), bombinhas de vários tamanhos e, é claro, foguetes de vara. Eram impressionantes as regras de segurança estabelecidas pelo seu Pontes: com muito cuidado, ele nos trazia os produtos explosivos baforando, a todo vapor, um imenso charuto no canto da boca…







