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COLUNISTAS / O saber acontece

As águas que nos rodeiam

19/02/2015

Março nem chegou e águas são notícia em nossa terra. Constantes inundações acontecem, córregos transbordam, sistema pluvial não dá conta e lugares antes longe de enchentes nas chuvas sentem a força das águas. A diferença marcante é que o prefeito montou uma espécie de gabinete da crise, convocando secretários, imprensa e interessados para discutir o problema e buscar soluções. Um contraste com o constante descaso até então. Ou inoperância, que acaba significando a mesma coisa.
Há tempos se discutem – sempre depois das chuvas – formas de drenagem urbana em Lorena, uma cidade construída no nível do Paraíba do Sul, com áreas até mais baixas. A água sempre corre para o vale, para o fundo e quando o rio extravasa, sem áreas verdes suficientes para absorver toda a água, as enchentes acontecem. Usar as áreas próximas à Cabelinha como piscinas de contenção é uma alternativa, mas essa e qualquer outra ação requerem planejamento, recursos e – talvez o mais importante – vontade política. Essa, como disse, parece estar se apresentando.
Como contraponto, a seca e a queda do volume dos reservatórios têm sido uma constante no último ano, mesmo que o governo estadual insista em não admitir. O uso do volume morto desses reservatórios tem obrigado a um tratamento mais intenso e com carga maior de produtos químicos para manter os níveis de potabilidade da água. Em Campinas, por exemplo, é notório que os filtros domésticos estão vindo com carga maior de carvão ativo, o que após certo tempo de uso tem conferido gosto à água, pois partículas desse fino material se acumulam no fundo dos recipientes.
Vários textos de opinião têm sido publicados (meus inclusive) denunciando o descaso governamental pré-eleitoral quanto à crise hídrica. O governo tem feito papel político mais intenso que o administrativo e contestado essas críticas, mas fato é que as chuvas tendem a ficar mais fortes, alertando a população para os riscos de enchentes, ao mesmo tempo em que os reservatórios ainda minguam. O Vale do Paraíba vive esse paradoxo e inevitavelmente contribuirá para o abastecimento das duas maiores regiões metropolitanas do país. Que sina!

COLUNISTAS / Adilson Gonçalves

Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.


priadi@uol.com.br

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