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COLUNISTAS / O saber acontece

Carnaval na carne

10/02/2016

Quando era pequeno, em casa ensinavam que na quaresma não se podia comer carne, principalmente nas sextas-feiras. Eu pensava, na minha ingenuidade: e por que na maioria dos outros 325 dias do ano também não se come carne?

A descoberta que princípios culturais e religiosos estão atrelados a questões econômicas vem mais tarde e é importante manter o deleite das dúvidas infanto-juvenis.

Neste ano, o Carnaval caiu no início de fevereiro porque o estabelecimento da data é feito em função da Páscoa e esta, por sua vez, é definida como o primeiro domingo após a lua cheia que ocorre depois do equinócio da primavera no hemisfério norte, que será outono no nosso lado. Ou seja, é uma definição astronômica. Equinócio vem do latim aequus (igual) e nox (noite): o dia que tem a mesma duração da noite.

O calendário religioso segue fielmente as festas e marcos dos povos nórdicos, com suas celebrações de fogueiras (Páscoa), início do inverno (Natal) e várias outras. Critica-se o sincretismo havido das religiões de origem africana com a católica, mas essa já tinha feito suas adaptações há muito mais tempo.

O espaço não é para adentrar questões de crença, que deveria ficar exclusivamente no foro íntimo, mas sim dizer que é importante conhecermos essas questões históricas que nos fazem entender um pouco mais a forma como marcamos o tempo e suas efemérides.

Em tempos de Carnaval, depois de apreciar um doce CD do Cartola cantado por ele, entende-se o que verdadeiramente é o samba.

COLUNISTAS / Adilson Gonçalves

Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.


priadi@uol.com.br

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