Autor: Olavo Rubens
Olavo Rubens Leonel Ferreira é formado em Direito, Ciências Sociais e Pegagogia. É mestre em Educação. Lecionou na Universidade de Taubaté, na Faculdade de Direito de Lorena, nas Faculdades Integradas de Cruzeiro, nas Faculdades Teresa D´Ávila de Lorena e no Anglo Vestibulares. Escreve muito; tem uma meia dúzia de livros publicados e a maior parte do que produziu ainda é inédita. Durante alguns anos publicou crônicas sobre Lorena no saudoso Guaypacaré, dos seus amigos João Bosco e Carolina. Mora em São Paulo.
A professora Marília da Silva Ramos, residente numa casa térrea frente ao Hotel Brasil, na rua Dr. Rodrigues de Azevedo, bem perto da estação de ferro, dirigiu-se pé ante pé, silenciosamente, até a porta do banheiro da sua residência. – Finalmente – ela disse de si para si – o Ênio Celso está tomando banho! Da porta fechada, ouvia-se um som de chuveiro ligado que a deixou entusiasmada. Justificava-se o seu contentamento: nos últimos tempos, o seu irmão Ênio Celso, o querido e popular Biruta, deu de não querer mais tomar banho e ela, desanimada, não sabia mais como convencê-lo…
É interessante a gente ver como alguns comerciantes lorenenses mudaram a sua atividade comercial através dos anos. É o caso, por exemplo, do Pissanga, que durante muitos anos foi dono do “Líder Bar”, ao lado do “Nosso Cinema”, na Praça Principal da cidade. Tempos depois, ele resolveu, com muito sucesso, estabelecer-se como dono de restaurante, ali mesmo na Praça Dr. Arnolfo, debaixo da residência do seu Antero, e depois na rua Manuel Prudente, onde está até hoje. Outro comerciante da Praça era o seu Dante Ballerini, querido amigo da minha família. Pois o seu Dante foi proprietário, por muito tempo,…
Colégio do Estado, na rua Viscondessa de Castro Lima, no antigo solar do Conde Moreira Lima. Neste ano eu estou cursando o primeiro científico, pois ainda não foi criado o curso clássico, a minha vocação, nessa escola. Negação para as ciência exatas, venho passando muito vexame com as minhas notas baixas; em matemática, só tiro notas um ou dois. Notas baixas, diga-se de passagem, aqui e no Colégio Patrocínio de São José, onde me meti a fazer o primeiro ano de Contabilidade. Nessa escola, pontifica o professor Flávio Barreto, irmão da cabeleireira Alice, na rua da Piedade, o qual leciona…
Estamos em pleno aniversário dos quinze anos do Wander Pinto de Oliveira, filho do seu Pintinho e da dona Lurdi, que faz bolos maravilhosos. Neste momento, pararam a música da festa, para o seu Pintinho dar um presente de aniversário especial para o Wander. Muito silêncio na sala. O Wander está abrindo o presente! Sabem o que era? Nada menos do que um estojo de barbear que o pai do Wander deu pra ele. E querem saber mais? Eu, debaixo dos meus treze anos, morri de inveja do aniversariante…
Uma história pode ser contada de diversas maneiras e sob ângulos diferentes. Foi o que aconteceu com o relato do acidente que vitimou o Conde Moreira Lima e seu cocheiro, num passado distante, na passagem de nível próxima ao Santuário de São Benedito. Vou começar contando como o poeta Péricles Eugênio da Silva Ramos o descreveu em seu livro “Lua de Ontem”. Segundo esse ilustre lorenense, era um dia azul de outubro de 1925, bem de manhã, quando o Conde Moreira Lima saiu de carruagem para sua visita diária à Santa Casa de Misericórdia de Lorena, onde era provedor. Na…
Esta é a Papelaria Zappa. O seu dono é aquele homem taciturno que vocês vêem sentado lá dentro, atrás de uma escrivaninha. O filho dele, o Marco, é meu amigão. Na papelaria, além de artigos escolares, livros e revistas, vende-se discos long-play. Gosto muito de ir à casa do Marco, na rua Major Oliveira Borges. A mãe dele é boa pessoa e as suas irmãs e irmão, o Júlio, são legais. Na sala principal de casa, existe uma enorme vitrola com uma lâmpada verde na frente, onde ouvimos as nossas músicas prediletas; entre elas, os discos de um conjunto vocal…
Era um sobrado realmente original aquele de número 213 da rua Dr. Rodrigues de Azevedo, em Lorena. Nos meus tempos de moço, ele era pintado de azul forte, as janelas emolduradas de branco. Na parte de cima, nesse prédio funcionou, nos primeiros tempos, a Associação dos Sargentos do Exército. Embaixo, nele estabeleceu-se a farmácia do Bilu, a mais tradicional da cidade. Anos mais tarde, lá estava o sobrado, ainda vestido na sua tinta azul, abrigando duas firmas comerciais – nas duas portas à direita, via-se o Bazar Rejan, uma esplêndida loja de variedades, repleta de artigos que iam de presentes…
Ontem, dia 10 de maio de 1965, morreu a Irmã Zoraide Vieira da Silva, diretora das Escolas Patrocínio de São José, onde existe, também, uma entidade que asila meninas pobres. Essas escolas foram fundadas pela saudosa e inesquecível dona Odila Rodrigues de Azevedo, a conhecida “Vovó Fiúta”. No dia de hoje, 11 de maio, o prefeito Antônio Tisséo baixou a Resolução nº 31, que determinou luto de três dias no município, e enviou Mensagem à Câmara Municipal, dando à rua Patrocínio de São José o nome da Irmã Zoraide, ilustre benemérita que tanto trabalhou pela educação lorenense. Justa homenagem, disseram…

