Autor: Olavo Rubens
Olavo Rubens Leonel Ferreira é formado em Direito, Ciências Sociais e Pegagogia. É mestre em Educação. Lecionou na Universidade de Taubaté, na Faculdade de Direito de Lorena, nas Faculdades Integradas de Cruzeiro, nas Faculdades Teresa D´Ávila de Lorena e no Anglo Vestibulares. Escreve muito; tem uma meia dúzia de livros publicados e a maior parte do que produziu ainda é inédita. Durante alguns anos publicou crônicas sobre Lorena no saudoso Guaypacaré, dos seus amigos João Bosco e Carolina. Mora em São Paulo.
Ano de 1954. Aula de redação no terceiro ano no Grupo Escolar Gabriel Prestes. A professora é a dona Florentina, mulher do sr. Milton Areco, pessoa muito conhecida na cidade. Eu cheguei um dia desses de Caraguatatuba, onde morava, e agora estou residindo e estudando aqui em Lorena. Ainda não sei o nome de todos os meus colegas de classe, à exceção de um amigo de sobrenome Malerba (que corre ligeiro como um raio nas brincadeiras do recreio), o Nadir Leão, aquele menino baixinho que você vê ali com uma espécie de capa azul, sob a qual ele esconde uma…
Eram quinze para as cinco da manhã e o portão da casa do seu Cornelinho já estava aberto para os convivas do café matutino. Eles vinham de todos os lados do centro urbano: já estava chegando o Egas, um moço alto e corpulento, filho da dona Mariana, irmã do dono da casa; o Carlos, marido da Marly, sobrinho do seu Cornelinho; o Carlos Marcondes com um dos seus filhos; o seu Cid Vilela Nunes; o seu Niso, irmão da dona Isis, mulher do dr. Wander; o dr. Wander (que tinha um lugar cativo à mesa) e o seu filho Paulo.A…
1949 foi um ano de mudanças radicais para as professoras do Grupo Escolar Gabriel Prestes. Como o prédio da escola estava precisando de uma reforma, suas aulas foram transferidas para o velho Grupo Escolar Conde Moreira Lima, no final da rua Dr. Rodrigues de Azevedo, trazendo transtornos para a direção, corpo docente e alunos.Dirigia a escola o professor Joaquim Ferreira Pedro, irmão do professor Alexandre, também diretor de escola. As professoras respeitavam e temiam o seu diretor: corpulento, sempre de terno ou usando camisas compridas, o professor Joaquim era a circunspecção em pessoa. As professoras substitutas, como a Rosa Fox…
Dona Olinda Soares de Almeida, minha sogra, é uma senhora de 96 anos de idade. Muito lúcida, ela ainda se lembra do tempo de sua mocidade em Lorena, a partir da década de 30, quando iniciou-se em sua vida profissional.Ela conta que lá por 1934, quando tinha 15 anos, existiam dois fotógrafos na Praça Arnolfo Azevedo. No lugar onde se localizou posteriormente a loteria Bola Branca, estabelecia-se o fotógrafo Pontes, que depois mudou-se para a rua Dr. Rodrigues de Azevedo. No outro lado da praça, perto do local onde depois se construiu o Nosso Cinema, havia o atelier fotográfico do…
Lorena, dezembro de 1951. Esse foi um ano cheio de acontecimentos significativos nesta cidade provinciana.Uma grande coligação de partidos, o PSP, PTB, PTN, UDN e PR, lançou o advogado João Pinto Antunes para prefeito, mas quem acabou mesmo vencendo as eleições foi o José Roberto Ayrosa Rangel.Candidatos à vereança? Foram muitos, entre eles Dante Ballerini, Antônio Zanin, Nelson Barroso, Antônio Marcondes Romeiro, Clóvis Barbosa de Faria, mas nem todos se elegendo.No Conservatório Municipal da cidade, solenemente inaugurado no dia 15 de março, o maestro João Evangelista começou a ensinar os seus alunos, marcando os compassos com as suas grandes mãos,…
Foi em 1918. Nesse ano, o primeiro de uma família mineira que veio a Lorena fundar a pecuária leiteira foi o seu Nhonhô, filho mais velho dos Vilela Nunes. Ele comprou e assumiu as dívidas da conhecida Fazenda das Palmeiras, no Município de Lorena, de um alemão chamado Müller, que deu-se mal nos negócios – um barco que ele enviou para a Alemanha, com carne do matadouro que tinha por aqui, naufragou no mar com toda a sua carga. Pouco tempo depois, talvez lá pelo ano de 1920, seu Nhonhô foi ao Rio de Janeiro saldar uma última dívida junto…
Esse menino que você vê aí entrando no Grupo Escolar Gabriel Prestes, em Lorena, chama-se Flávio Barreto. Ele nasceu no dia 11 de novembro de 1926 e tem, neste ano de 1934, apenas oito anos de idade. O diretor da escola onde o Flávio estuda, localizada na Praça da Matriz, é um homem muito sério e competente, chamado professor Luiz de Castro Pinto. São seus professores a dona Adelina Ferraz, dona Maria Novais, dona Helena Filizola e a mulher do coronel Barbamoura, de cujo nome ele não se recorda. Ah, esquecemos de citar um excelente professor que ele admira muito:…
Como a pesquisa em jornais do passado lorenense em arquivos municipais há tempos atrás tornou-se complicada para mim, dadas as dificuldades encontradas, fui me valendo de documentação particular para relatar aspectos do nosso passado urbano. Assim, nuns papéis que tenho sobre o Engenho lorenense, encontrei curiosas referências à existência de um bem organizado hipódromo entre nós no século XIX, o qual parece ter funcionado até os primeiros tempos do século XX.Eu não sei onde se localizava esse prado de corridas lorenense, nem quem nele comparecia para assistir aos seus páreos. Como não sei quem eram os seus jóqueis, o nome…

