Autor: Olavo Rubens
Olavo Rubens Leonel Ferreira é formado em Direito, Ciências Sociais e Pegagogia. É mestre em Educação. Lecionou na Universidade de Taubaté, na Faculdade de Direito de Lorena, nas Faculdades Integradas de Cruzeiro, nas Faculdades Teresa D´Ávila de Lorena e no Anglo Vestibulares. Escreve muito; tem uma meia dúzia de livros publicados e a maior parte do que produziu ainda é inédita. Durante alguns anos publicou crônicas sobre Lorena no saudoso Guaypacaré, dos seus amigos João Bosco e Carolina. Mora em São Paulo.
Entro no gabinete do prefeito. Se estivesse de olhos vendados, já adivinhava quem estava lá: o Geraldinho, o Mário Menezes Leal, o Djalma Colombi e talvez o Jorge Honório Bezerra de Menezes, com a sua voz roufenha e tonitroante. Ou outros personagens da “entourage” do alcaide… Pontificava na conversa o senhor Antônio Tisséo. Como sempre, ele enfatizava as suas falas alisando teatralmente os cabelos, dando ênfase às palavras ditas. Em algum momento ele pede para mim, seu oficial de gabinete, para que mande providenciar na copa uma rodada de cafezinhos para os presentes. Saio dali e quase atropelo o seu…
Algum tempo atrás, fui convidado para tomar um café na casa da Lídia, filha do seu Cornelinho – um café mineiro com direito a bolo, pão de queijo, folheados ao creme de palmito, empadinhas de frango e outras delícias do gênero. A companhia estava ótima, todos contando histórias da vida lorenense.Uma das convivas, minha amiga e ex-colega da Faculdade Salesiana, contou-me muitas coisas interessantes, entre elas um relato sobre o nosso mais querido barbeiro, o popular Tofinho.Numa manhã qualquer daquela Lorena de outrora, o Tofinho recebeu um telefonema do seu Plácido Montenegro, marido da dona Zenaide e pai do Guilherme…
Estávamos no início dos anos 40, uma época de muitas dificuldades políticas no âmbito internacional e nacional.Na Europa e naquele ano no Pacífico, com o ataque japonês a Pearl Harbor em 1941, a guerra contra a Alemanha tornou-se realmente mundial, enchendo de apreensões os países periféricos como o Brasil, num momento em que expressiva parte do mundo civilizado caiu nas mãos dos totalitarismos – o governo autoritário de Salazar em Portugal, o de Francisco Franco na Espanha, o de Hitler na Alemanha, o de Mussolini na Itália e, aqui no Brasil, o Estado Novo de Getúlio Vargas, que em 1937…
– Como é, hoje tem baile em sua casa?Aquele bancário que as moças encontraram na rua era o seu Nosor. Até hoje eu me pergunto de onde os pais desse personagem tiraram o seu nome – será que eles leram a história da Mesopotâmia e souberam daquele rei Nabucodonosor, que morreu louco e comendo grama? Ou Nosor não era um simples apelido que lhe deram na escola?Ora, o que nos interessa aqui é que o seu Nosor morava na rua Manoel Prudente e era pai da Neusa. E que, quando lhe perguntavam sobre os bailinhos que realizava em sua casa,…
Foi nas primeiras horas da manhã de 15 de outubro de 1949. Alguém disse que os panfletos foram espalhados pela cidade, principalmente na rua Dr. Rodrigues de Azevedo, por um motorista bêbado guiando um Studbaker 48; outros afirmam sem pestanejar que foi o dono de um Austin preto, famoso por suas traquinagens urbanas, quem arremessou tais papéis pelas ruas. Mas o fato é que Lorena amanheceu com as suas vias públicas cobertas por um panfleto que dizia o seguinte: MOCIDADE LORENENSE! Pomposo baile será realizado hoje, no qual será coroada a Rainha da Primavera e homenageadas as Princesas. Segundo comentário…
Quem falava era a minha sogra, uma senhora lorenense de mais de 94 anos de idade:- Então, exatamente às seis horas da tarde, o guarda fechou o último dos portões do jardim da praça João Pessoa, no centro da cidade. Lá dentro, esquecidos da passagem do tempo, ficaram presos a Conceição Seixas e o seu namorado. Foi o maior escândalo!Em seguida, ela foi dizendo:- Vocês não se lembram do Cine Rio Branco? Uma das três irmãs Canettieri, a Nair – as outras eram a Rosinha e a Marina –, tocava piano durante a projeção dos filmes…Eu e minha mulher tivemos…
Já posso dizer a todos: há mais de meio século atrás, a vida era assim… De fato, o distanciamento no tempo me leva a lembranças que nem todo mundo testemunhou e que constam, quando muito, de alguns documentos. Mas, chega de me vangloriar (!) da minha muita idade – é hora de eu continuar a dar o meu testemunho sobre os outros tempos da Lorena das décadas de 50 e 60 do século passado. Daí, esta crônica.Hoje eu adianto-lhes, meus prováveis leitores, que não minto quando lhes digo que a Lorena daquele tempo era uma cidade adorável. E não são…
O Estatuto de 1937 do Clube Comercial de Lorena estabeleceu como um dos fins da Associação a promoção de jogos lícitos.O jogo sempre foi a distração social de senhores mais velhos, que não mais frequentando bailes ou praticando esportes, nele encontravam uma maneira de preencher o tempo e de encontrar amigos à volta de uma mesa.Desde a sua fundação, o Clube manteve, no pavimento térreo, duas salas de jogos. Posteriormente, o jogo instalou-se no pavimento superior, atrás do palco. Os dois funcionários do jogo mais conhecidos na época da antiga sede foram o Brucutu, que morreu cedo, e o Lindolfo,…

