Insisto: por que os jovens, mesmo os que estão em cursos técnicos ou da área de exatas, têm tanto desinteresse pelo que estudam? Seria apenas a desilusão pela aposta no saber rápido que se mostra ineficiente? Ou a frustração de ver um mundo que parece imutável ou mesmo surdo às suas reivindicações? Aquela postura – que eu tinha quando estudante – de questionar tudo, procurar soluções, reinventar as perguntas e as respostas, de trilhar o caminho da descoberta, mesmo que já não mais inédito, enfim, de ter o prazer do aprender, isso tudo parece morto ou muito bem escondido.
Aos alunos que ministro disciplinas da área química falta essa volúpia pelo conhecimento. Com as raras e necessárias exceções, eles se atêm mais ao calendário de provas e entrega de relatórios do que à profundidade com que determinado assunto está sendo tratado. Importam-se mais em terminar o experimento cedo ao invés de entender o procedimento e os conceitos científicos ali testados. Cumprem tabela, como se diz no jargão da crônica futebolística.
A desilusão contagia, especialmente os professores. Mesmo sensibilizando um grupo a apresentar uma proposta de experimento que juntasse questões de saúde (como corantes empregados em alimentos) a métodos avançados de identificação e certificação de substâncias, faltou aquela gana que eu via, não somente em mim, mas em todos os colegas com que convivi em diferentes estágios de minha formação acadêmica. O trabalho até foi inscrito para um prêmio, mas tornando-se uma surpresa aquilo que deveria ser rotina – a felicidade da busca pelo saber.