A informação está disponível, mas a forma de acessá-la ainda é um entrave para a sabedoria. Esperava que a modernidade trouxesse mais conforto para a busca e apreensão do saber. O que se vê é quantidade e não qualidade, superfície e não densidade, muito blá-blá-blá e pouca opinião.
Esperava também que a modernidade resolvesse conflitos passados, tais como o extremismo de grupos baseados em preceitos religiosos. Há a repetição do que aconteceu cerca de meio milênio atrás, com certa inversão de protagonistas ou de vilões e vítimas. Os que invadiram e terrorizaram no passado, hoje são os alvos de ataques. A ignorância não poderia predominar, mas é o que acontece, mesmo com toda a informação citada no início deste texto.
A “moderna” Simone de Beauvoir é tema do ENEM, quando também se discute o feminismo, e surge uma militância agressiva contrária a essa discussão, afirmando que se está passando por uma doutrinação estatal. Trazer à pauta, seriamente e especialmente aos jovens, esses tópicos polêmicos é o que de melhor poderia acontecer em meio à pasmaceira de contemplação facebookiana. Porém, o retrocesso se reflete no patrulhamento. Que tempos!
Cheguei a ler o absurdo de uma proposta no Legislativo de retirada da palavra gênero de nosso vocabulário, independente de estar se referindo a gêneros alimentícios ou literários. Qual o problema de avaliarmos nossas diferenças, mesmo que democraticamente sejamos iguais?
Espero também que haja os que agem para fomentar debates sérios para estabelecermos sinceramente o que desejamos como sociedade plural. Ou talvez devamos apagar todas as luzes e nos escondermos no fundo de nossas cavernas, temendo as sombras tremeluzentes lá de fora.