Essa tal felicidade vem sendo a cada dia mais comentada, debatida, desvendada e procurada.
Quando vemos de perto crianças carentes sem o mínimo de recursos para viver com dignidade e muitas vezes até sem estrutura familiar alguma, mas que quando se unem com outras crianças e fazem de duas latinhas e um barbante um telefone sem fio, do chuchu e palitos de fósforo um cavalinho, de uma árvore o pique esconde, de uma pedra a amarelinha riscada no chão e de dois pares de chinelos a trave do gol, dentre outras improvisações, vemos que a felicidade delas é a mais pura forma de ser feliz.
Elas sorriem mesmo com fome, com doenças, com mazelas e violência em casa, pois não conhecem nada melhor e aí da pra perceber que a felicidade já nasce com a gente. Ninguém nasce sem esse item, sem esse sentimento; o que ocorre é que, no decorrer da vida e em meio a comparações e disputas bobas, a pessoa vai se afastando cada vez mais da felicidade natural, essa inocente, que existe em todas as crianças, para então ir se tornando vitima de sua própria insatisfação.
É fato incontroverso que a felicidade está relacionada ao seu interior e não ao que está ao seu redor.
Pessoas navegando em um iate em um mar exótico qualquer podem estar vazias e infelizes, enquanto outras pedalando o pedalinho lá de São Lourenço podem estar loucas de felizes.
E assim devemos seguir, nunca deixando de enxergar a felicidade nos momentos, nas pessoas, e não nas coisas.
Aliás, creio que a expectativa em excesso com relação a tudo é o caminho mais próximo para a infelicidade e a insatisfação.
A gente – adulto – é mais complexo mesmo, mas que tal de vez em quando brincarmos de chuchu e palitos de fósforos, voltando a sentir aquela felicidade primária que sabíamos sentir quando ainda não haviam criado mil problemas em nossas cabeças e somente ir curtindo os momentos, os ventos, e os bons sentimentos?
Vale o esforço.