Gosto do texto escrito, aprecio quando um roteiro de filme é bem valorizado e discorri sobre isso e sobre o Oscar de 2014 em meu blog (http://priadi.blog.uol.com.br/arch2014-03-09_2014-03-15.html).
Neste ano, a Academia premiou o filme Spotlight como o melhor do ano. Ainda não vi o filme, mas a narrativa é instigante, nem tanto pela denúncia da pedofilia na Igreja, mas pela forma como houve a mobilização e investigação por parte dos jornalistas. Faz lembrar o Todos os Homens do Presidente, de 1976, sobre o caso Watergate.
Investigar antes de publicar ou acusar deveria ser a regra dos repórteres e jornalistas, mas não é. Um bom boato vende mais, apesar de poder estragar vidas, comunidades e governos, mesmo que desmentido depois. O que vemos impresso e publicado dá uma ideia dessa cultura do ódio, além daquilo que incolumemente circula pela internet.
A Folha de S. Paulo completou 95 anos e ousou ao fazer um caderno enorme, impresso, comemorando e refletindo sobre o papel (com os dois significados) do jornalismo em tempos correntes. Não que eu tenha alinhamento com esse jornal, mas uma carta minha sobre a efeméride saiu publicada, outra mais crítica, não. Ei-la:
A premiação de Spotlight traz luz ao bom jornalismo, com o perdão do trocadilho interlinguístico. A entrevista com a repórter Sacha Pfeiffer (publicada no caderno Ilustrada de 1/3) mostra que o exercício da profissão é diuturno e não será a premiação per se que diminuirá as tensões e batalhas pela própria existência do jornalismo investigativo. Mas os ventos estão favoráveis no momento, com o corajoso lançamento do The New Day em papel e a edição histórica da Folha comemorando seus 95 anos. Que assim seja!