Já escrevi que é muito fácil denunciar o erro alheio. Na redação de ideias, pensamentos, teses e conceitos, a palavra escrita passa a ter valor muito forte e, por isso, a precisão da linguagem se faz presente. E também a correção dessas palavras, desde que saibamos a que público a mensagem se refere, sem preconceitos de falares. O povo – ou seja, todos nós – fala uma língua que não está nas gramáticas, nem nos dicionários. Mas o texto escrito merece um tratamento diferenciado.
Com o advento dos meios eletrônicos de comunicação, muito do que era dito, agora é escrito, muito mal escrito. Não é apenas a transposição da oralidade em letras impressas, mas sim, o desconhecimento do uso de ferramentas automáticas de correção presentes na maioria dos meios usados para a comunicação.
Assim, foi muito estranho uma amiga no Facebook postar uma foto da neta com a legenda: “amor em condicional”. O que era para ser uma declaração de amor sem quaisquer condições, torna-se um sentimento restrito, com alguma condição. Ter digitado alguma letra errada fez com que o corretor sem sentimentos expressasse o que mais próximo da norma culta aquele conjunto de vocábulos quis significar.
Mas a questão é mais crítica quando o Diário Oficial da União (DOU) comete esse tipo de gafe. Na edição eletrônica de 23/12 passado, a chamada na página do DOU era para a publicação do “indulto natalina”, excrescência tanto do ponto de vista moral, quanto da concordância de gênero, sem querer entrar na discussão sobre essa questão.
Por fim, vamos à química da poesia, que tem sido retratada lindamente nas redes sociais, mas usando uns elementos químicos com símbolos estranhos à tabela periódica para compor a própria palavra POESIA. Ainda mais controverso foi o uso de massas e números atômicos inexistentes. Mas aqui, ao poeta, tudo é permitido, entendamos.