Março vai por seu termo levando e lavando angústias. Assassinados a vereadora e seu motorista, mortos a esperança e o orgulho, presentes o ódio e a repressão. O juízo de magistrados não é melhor que aquele dos donos do poder em favelas & periferias; o chumbo continua sendo letal ao mesmo tempo em que livros, cadernos e lápis perdem também o significado metafórico. A ignorância impera!
Sim, fizemos a reunião inaugural da Academia de Letras de Lorena. Inspiradora, na qual educadores mostraram a indissociabilidade do conhecimento e as possibilidades na interlocução da literatura com a linguística. Mágica, na qual até o mágico perpetuou suas ilusões, deixando escorregar a lista dos truques realizados que foi lida posteriormente como composição poética. Mulher: escrevi mentalmente meus versos na viagem para lá, lidos e reproduzidos na rede (anti)social; são ao menos uma parte dos fluidos exarados pela válvula de escape.
Sim, temos hoje o dia dessa efuziante poesia e também o do líquido vital amanhã, apesar do governador insistir que a crise hídrica jamais houve em terras bandeirantes em função de erros seus e de sua alquimia política anestésica. Jornais voltam a ser impressos (em papel!), mesmo ignorando ofertas gratuitas de textos de opinião. Mas também é o período do troca-troca partidário, no qual a vontade do eleitor é descartada, pois ele não é consultado se concorda que seu representante vá para outra agremiação, ferindo de morte o pressuposto constitucional de que o poder emana do povo. Emana de forma amena, pobre anagrama.
Palavras, portanto, restam para o protesto, para representar o que corre no interno, no íntimo. E também para brincar, como no título, já que me desencargo de justificativas.