Ainda fico surpreso quando se descobrem inéditos de escritores do século passado em gavetas mal vasculhadas ou jornais já desconhecidos. A digitalização de material impresso tem permitido tal façanha, ainda que cuidados devam ser conduzidos para a correta determinação de autoria.
Para a Coletânea da Academia de Letras de Lorena deste ano, lançada na festa de aniversário no último dia 25 de agosto, fiz um breve – e injusto – ensaio sobre os comentários iniciais da obra poética de Péricles Eugênio da Silva Ramos, poeta maior lorenense, cujo centenário de nascimento será comemorado ano que vem. Minha fonte foi exclusivamente a hemeroteca digital da Biblioteca Nacional e tive de me conter para não avançar na riqueza de material lá existente. Limitei-me ao que explicitamente continha o nome de Péricles. Deixo o refino da busca para os historiadores.
Quanto a Lima Barreto, mencionado aqui e alhures, continuo instigado com sua crônica anônima de um século atrás, que ainda gera controvérsias entre especialistas. Os pseudônimos usados por ele são confusos, levando pesquisadores que atuam conjuntamente a expor divergências. A amiga Conceição Fenille Molinaro confidencia que até Monteiro Lobato se utilizou de pseudônimos na imprensa local e não há clareza se o conjunto dessa obra está identificado e compilado. Um dicionário de pseudônimos está sendo elaborado, mas dada a abrangência do uso desse subterfúgio, desconfio que atualizações serão sempre frequentes.
O texto escrito me conduz e memórias são necessárias para definir o pensamento. A sociedade da informação se preocupa com a perda da documentação digital, volátil por poder ser apagada de computadores com um simples clique. Diferente do material impresso, que subsiste, mesmo carcomido pelo tempo e pelo espaço.